Coisinhas do passado

Coisinhas do passado:

Durante os anos 60 eu trabalhei numa empresa onde também trabalhou um garoto, (naquela época podia).

Era um excelente colega de serviço e era totalmente analfabeto.

Conhecedor daquele problema tentei conversar com ele várias vezes sobre o assunto e ele sempre fugia, mas eu insisti e ele falou que não havia conseguido vaga nos colégios e que precisava trabalhar.

Falei com ele: sou amigo do diretor do curso noturno do melhor colégio da cidade e se você quiser posso falar com ele e tenho certeza que vou conseguir uma vaga para você. Ele disse que sim. Falei com meu amigo, consegui a vaga, mas o garoto não foi.

Então eu comecei nas horas vagas a ensiná-lo nos jornais e ele, inteligente, em pouco tempo já conseguia entender as letrinhas e acabou se empolgando. Falou comigo: -Fale outra vez com seu amigo que eu prometo que irei. Falei com meu amigo e ele tornou a encaixar o menino.

Vida que se segue, ele trabalhou mais um pouco lá e depois saiu e não tomei mais conhecimento da vida dele.

Em janeiro de 1971 mudei para Petrópolis e perdi de vez o contato. Um ano e pouco depois de minha mudança, um dia alguém tocou a minha capaínha, e abri a porta e um jovem negro, alto e forte, sorrindo me cumprimentou e eu não o reconheci. Ele se identificou e foi uma festa. Disse que havia tido muita dificuldade em conseguir o meu endereço, mas precisava falar comigo: - Gilson, eu precisava falar com você, agradecer a você os seus conselhos e seu apoio nos meus estudos. Eu consegui. Estudei, os anos passaram e eu fiz. a minha inscrição na Marinha e hoje eu sou um fuzileiro naval.

Nunca mais vi o meu amigo! Que Deus o preteja sempre!

Gilson Faustino Maia

20-11-2021

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 20/11/2021
Código do texto: T7390160
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.