O peru de natal

Nádia embromou o chefe, saiu mais cedo do trabalho e foi direto às compras para prepararar a ceia natalina em sua casa, que já era uma tradição em família, o peru de natal preparado por ela, era famoso e disputado.

Carrinho de compras sendo manobrado, lembrou-se da lista de compras, “lista pra que se já tenho tudo em mente a anos” – pensou ela.

Corredores abarrotados, tudo caro, fila pra pesar, fila pra ir ao banheiro, fila pra pagar,fila pra patinadora conferir o preço, enfim, a primeira parte do processo pode ser concluída, de posse das compras, foi voando para casa.

Ao chegar, ela ainda se dispersou um pouco na decoração da mesa, ajustou as guirlandas nas paredes, conferiu o presente que havia embaixo da árvore natalina e, por fim, percebeu que algum tempo havia passado, começou imediatamente com o preparo das guloseimas.

Com o andar da carruagem, parecia tudo correr bem, bebidas gelando no freezer, salpicão preparado, arroz à grega sendo tampado, a rabanada parecia crocante na mesa; o salpicão dava água na boca. Ela olha ao lado e vê o pisca-pisca colorido, relusente, vai até o forno verificar se o pernil já está pronto, pois o cheiro que exala da cozinha era fenomenal, pernil retirado, agora vai assar o carro chefe, o motivo de sua fama, de seu sucesso em família, agora, levará ao forno o peru, levará como? Se esqueceu, se lembrou de tudo e de todos, menos do peru, será que nesse natal ficariam sem a sua famosa iguaria? Já era noite, o comercio já estaria fechado, talvez não desse mais tempo.

Nádia saiu louca, desesperada, como uma loba faminta, atrás de um peru, qualquer peru que fosse, desde que fosse um peru. A mercearia da esquina já havia fechado, o mercadinho do bairro já estava apagado, foi até o atacadão da rua de cima e nada, Nádia lembrou da vendinha do seu Antônio, que tinha de tudo, ainda estava aberta, tinha de tudo, de fato, menos peru.

Pobre moça, que voltava pra casa, desolada, lacrimejando, se lamentando porque, inconsolável, esse ano seu natal não teria peru, não restava mais nada a fazer, daqui a algumas horas, parentes e amigos já estariam chegando.

Aquela noite de natal não seria como as outras, e, realmente, não foi, ao passar por uma ruela qualquer, Nádia enxergou uma luz: não era nenhuma estrela de Davi, mas brilhava uma idéia na mente, numa cerca empoleirado estava um lindo e gordo franguinho, que até tentou fugir.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 24/12/2021
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