Domingo, final de tarde, uma agradável brincadeira com os filhos recém-chegados de viagem.   No meio  da folia no tapete da sala, tocou  o telefone:
 
  -Alô quem fala?
 - Aqui é de tal número.
- O Senhor quer falar com quem?
 - Moça, esse número é da minha família. Preciso muito falar com eles.
- Pelo amor de Deus estou tentando falar com eles e não consigo
- Senhor, este número de telefone é meu e já faz mais de um ano.
 
 O homem conformado, pediu desculpa e despediu- se.
 
Voltei ao super-trunfo com os meninos, o jogo estava muito divertido. Meu filho mais velho estava radiante com toda a sorte nas mãos.
 
 O telefone interrompeu pela segunda vez o nosso jogo.
 
- Alô que número é aí? –
O Senhor acabou de ligar para mim e já lhe expliquei que este telefone é meu. – Perdão, perdão filha.
-. A senhora deve entender meus desespero de tentar falar com minha família. – Claro que sim, entendo.
Mais uma vez ele desligou o telefone.
 
 Nessa altura meu filho mais velho, já impaciente, desistiu do jogo porque não gosta que eu me afaste durante as brincadeiras.
 
 Propus que assistíssemos a um DVD, o escolhido foi o documentário do Discovery Channel sobre os dinossauros. Fui à cozinha para preparar um lanche especial para os meninos.
 
O telefone tocou novamente. Pelo identificador de chamadas vi que era o mesmo número insistente.
– Alô, pois não!.
– Quem fala?
 – Oi,  é a Renata! - O senhor continua ligando para mim.
-  Para qual número o senhor está discando?
 Ué para este mesmo número que a senhora insiste em dizer que é seu! nte:: - É de Curitiba, do bairro Boqueirão?
 - Sim, é de Curitiba, mas o bairro é outro.
 - A senhora não entende que estou desesperado tentando falar com minha família? A senhora está me impedindo, atrapalhando.
            - Desculpe-me senhor, queira por gentileza dizer o número para o qual o está tentando ligar – já estava disposta até a ligar para o tal número e explicar a situação para quem atendesse e que tentasse manter contato com o tal homem 
desesperado, mas meu pensamento foi interrrompidor ele dizendo: - Deve ser linha cruzada! Mas eu precisava falar com eles... Perdão, perdão!
 
Comecei a me incomodar com tais chamadas. Eu queria ajudar mas o homem não permitia. Na última ligação percebi que ele deveria estar meio “embriagado”.
 
Voltei para frente da televisão e fiquei sentada por pelo menos 40 minutos. Os meninos ficaram radiantes com a minha presença até o final do documentário.
 
Depois, convoquei-os para o banho, pois afinal estava quase na hora de dormirem e ainda tinham que jantar. Preparei a água na banheira e lá foram felizes para seus mergulhos na “piscina”.
 
Eu já esquecera do episódio ocorrido quando o telefone tocou.
  -Alô!
- É a dona Renata? Perdão, perdão. Deus te abençoe.
- Ao  senhor e sua família também! Tchau.
Finalmente, o homem percebeu que estava errado e não ligou mais.


Renata Christina Machado de Oliveira
Enviado por Renata Christina Machado de Oliveira em 22/11/2007
Reeditado em 22/11/2007
Código do texto: T747938
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