O alto preço da contramão

Dúbio ou néscio, não importa em que classificação será atribuído, mas cair no conceito não é apenas perder credibilidade e entrar para uma lista negra. Quando é preciso jurar para que seja acreditado, é porque há muito o ilibado foi posto de lado, e a compostura foi por completo perdida.

Não há meias palavras, assim como não há meias verdades. Quando o discurso é por demais pequeno, certamente se não muito ou quase nada o que se dizer, também a verdade dita a meia boca é uma mentira tímida e indecentemente abissal. No compêndio dos valores não se tributa a franqueza, tampouco é onerada a honestidade, portanto não há economias a se fazer, nem por isso haverá uma queda na profusão do contentamento que se manifesta pela libertação de emoções que se traduzem na liberdade da expressão, sem amarras ou censuras.

A duplicidade de pensamento não apenas titubeia o consenso, como também expõe a falta de fundamentação daquilo que, se é exposto como ideia, é o que é ideal não ficando brechas para superficialidades.

Se aquilo que se tem é tese, não pode também ser interpretado como inconsistente, compreendendo que no campo das ideias permeia uma vontade incontrolável de chegar à uma verdade absoluta. Ainda que digam que esta não existe, cada um tem a sua veracidade de estimação, e como é da natureza humana, esta sempre estará ornamentada com o manto de uma vaidade natural, que faz com que gostemos de nós mesmos. Narcisismo ideológico? Pode ser que sim, pode ser que não, afinal quem duvida do próprio taco, jamais deveria entrar no jogo.

Bem mais interessante do que apenas repetir ou replicar, é perscrutar, investigar, produzir e não ter medo de expor. Os grandes nomes da história não tiveram vocação para papagaio ou macaco prego, mas foram donos de retóricas próprias, ainda que na contemporaneidade das mesmas possam ter sido refutadas e loucas, nas malhas do reconhecimento póstumo ganharam o seu devido lugar na galeria de imortais que se atreveram a serem singulares. Este é o alto preço da contramão... ou seria uma mão inglesa?

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 24/03/2022
Código do texto: T7480186
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