CONSOLO!

Consolo

Aquele olhar apreensivo ao vê-lo subir no palco seus olhos avermelhados demonstrava sua emoção, sem dúvidas ele transmitia um sentimento de dor, gerando uma surpresa para todos inclusive para si. Que não imaginava tão cedo cantar, depois de ver o amigo de futuro escolhido, embora indefinido, sem culpa, sem desculpa, mais de uma violência assustadora seu carro somente fora parar no estacionamento da rodovia da vida.

Como pode alguém tão jovem perder a vida de forma tão brutal? E este, é apenas mais um nas estatísticas de mortos nas estradas federais. Ainda mais sendo ele tão próximo. Um amigo natural! Que saudades vai sentir! O levará consigo até o dia em que contigo encontrar, mais que não seja eu outro nesta estatística desumana e imprudente como fora tu, caro amigo.

Pois da vida nada se leva! O que resta é apenas um corpo morto que deverá se enterrado para ninguém altercar. O que fica são lembranças. Boas, ou ruins! Isso depende de como se vive. No seu caso meu amigo! De você vou recordar, sendo essas lembranças boas e ruins, pois era um homem de personalidade e o mundo não devo enganar. Como todo ser humano você fez amigos e inimigos. Sendo que maior era a primeira em relação à segunda. Já que segunda, era de despeitados e invejosos.

Mas seu olhar de apreensão logo deu lugar a emoção. Seu canto dantes alegre agora transmitia a tristeza daquele que perdera o amigo, o irmão de estrada e vida em comum! Uma vida, de muito sucesso, de um público fiel, que sempre fora constituído por uma maioria esmagadora de crianças, pessoinhas que não dão importância às letras musicais e sim da alegria que esta pode lhe proporcionar.

Palavras me faltam, para falar sobre algo tão triste e desolador. Como a perda irreparável de alguém tão importante e insubstituível como você, que será sempre lembrado com carinho, por todos aqueles que puderam ouvir e admirar as músicas cantadas por ti.

Como é triste a partida de alguém querido! Amado e tão próximo da gente, como é difícil ver alguém ser transformado em lembrança, saudade e com o tempo vê-lo cair no esquecimento, devido o mundo de correrias em que vivemos, talvez um dia alguém poderá ser relembrado, com calma e amor, mas sem pressa. Então esse dia todos nós saberemos o que é a verdadeira vontade de termos ao nosso lado, aquele que amamos por tempo indeterminado sem o temor da perda.

Quanto a cair no esquecimento do tempo e da vida, não é apenas um detalhe é uma conseqüência de como se vive e onde o faz. Que esse dia chegue logo, antes que humanidade se desespere temendo pela morte que virá com certeza, mas que essa venha de maneira digna e humana, sem a brutalidade dos trânsitos, ou mesmo a violência dos assaltos, das grandes metrópoles, algo quase sem o controle dos nossos governantes e da própria sociedade, que luta em vão contra um poder paralelo, que se julgam acima até mesmo da polícia, estes bem armados impõe o medo e o pânico nas ruas de nossas cidades, que já não são tão nossa como gostaríamos! Entre tantas desigualdades, sociais e raciais, ainda temos que conviver em nossos lares, com a incompreensão entre irmãos, o egoísmo e a desunião, por motivos fúteis e banais. Como é a grande a falta de afeto entre os seres humanos, se soubéssemos o quão frágeis nós somos, não seriamos tão orgulhosos. Pois quando cairmos por terra vencidos pelo incontrolável tempo, só então saberemos que não será preciso chorar pelo amigo que partiu, mas que sua partida fora de uma maneira serena e tranqüila, sem dor, sem temor, ao passo que não acontece hoje. Viveremos para presenciar esse dia, ou até então já não mais existiremos?

Já teremos sucumbidos a esses que se julgam acima do bem e do mal, acho que não, o desejo de sermos livres é muito maior, maior até que a ganância dos traficantes, assaltantes, seqüestradores. Nosso consolo pode vir da nossa própria sede de liberdade e imensa vontade de prosseguirmos lutando por um futuro digno e menos violento, se não para nós, que seja para nossos filhos e netos, esse é o desejo que grita dentro de cada um de nós cidadãos que trava uma busca desigual, contra o poder paralelo, que com certeza venceremos.

Luiz Miguel