Meu primo Marco é um "Lawrence"

O ano não me lembro bem, mas foi por volta de 1968, 1969. Uma grande notícia chega à cidade de Volta Redonda: o filme Lawrence da Arábia, um dos maiores sucessos da telona iria passar no cine Nove de Abril.

Filas formavam à sua porta para ver as aventuras e desventuras tão anunciadas naquele filme.

E como não podia deixar lá fui eu acompanhado de meu pai e de meu primo que morava no distrito Barão de Juparanã e estava passando uns dias em minha casa.

Antes de prosseguir deixe-me fazer um esclarecimento. Marco, este é o nome do meu primo, por morar num local onde as pessoas “acordavam com o galo e dormiam com ele” não estava acostumado com os horários da “vida corrida” de Volta Redonda. Para ele nove horas era tarde da noite e cinco da manhã era hora de acordar.

Dito isso voltemos a nossa história.

Pois bem fomos para o cinema. A fita que tinha no seu elenco Peter O Toole, Omar Shariff, Alec Guiness e Anthony Quinn, era longa com cerca de quatro horas de duração e por isso só haveria uma sessão.

Fila, pacote de pipoca e amendoim na mão, as portas do Nove de Abril se abrem. Entramos, mas precisamos ficar apenas na galeria do cinema. Às oito horas em ponto o filme começa. Não havia comerciais como há hoje, apenas o “Atualidades Atlântida” que neste dia não foi ao ar.

Passados quinze minutos eu e meu pai ouvimos um forte barulho. As pessoas em nossa volta também. Olhamos, levantamos, procuramos e perguntávamos o que seria aquele forte barulho que conseguia até abafar o som do filme. Depois de procurar encontramos o meu querido primo em sono profundo. O barulho era seu ronco!

Marco jamais viu as cenas de Lawrence da Arábia, mas está fazendo de sua vida a vida daquele personagem tão famoso e que marcou mais de uma geração com sua luta pela igualdade, pela vida. Que ele tenha tanta sorte como teve a personagem.

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 23/11/2007
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