SEM FILTRO

O garoto era mesmo uma piada. Quarentão, forte, alto, bonito não era, mas, pelo tipo alto e forte, chamava a atenção. Parecia mais um guarda da ROTAN, polícia especial que faz ronda na calada da noite, em busca de criminosos ou no mínimo, mal intencionados.

Essa figura inusitada resolveu se bandear para uma simpática senhora, moradora no condomínio onde ele era segurança.

A senhora, não entendeu aquele arroubo do jovem que a cada dia, estava mais saliente em suas atitudes. Um bom dia de fala melosa, outra hora, um cumprimento mais próximo, olhos nos olhos...

A mulher, que sempre tratou bem todos os funcionários, seguranças, porteiros, etc, não via o porquê de tanta proximidade. Começou a reparar no moço e percebeu que ele estava, na verdade, lhe jogando seu charme. Ah,... Então era isso. Mas, onde ele foi buscar esse pensamento tão atravessado, se ela nunca lhe sinalizara tal comportamento? Mas não ficou só nisso.

Passou o tempo e aconteceu o improvável. A campainha do apartamento toca, a senhora vai atender sem imaginar quem poderia ser àquela hora, no meio da tarde. Não esperava visita e foi abrir para ver quem poderia ser. Abriu a porta e se viu aconchegada por um par de braços fortes, que lhe apertava contra aquele corpo másculo, cheio de saúde e porque não dizer, desejos.

Quando conseguiu se recuperar do susto, ainda se encontrava envolvida pelo abraço que mais parecia tenazes, lhe sugando a vida. Conseguindo se safar daquele aperto, com a cabeça rodando, sem conseguir atinar o que estava acontecendo, o moço ainda lhe comprimindo o corpo vorazmente falou: Quero você!

Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Mas estava. Ela pode perceber que o seu desejo estava latente. Aquele homem que com certeza, estava fora do seu juízo normal. Trêmula, voz fraca, pernas bambas, a senhora apavorada, suplica ao atirado moço: vai embora, por Deus! Ele, ainda quis insistir mas, ponderou e voltou rapidamente para seu posto de segurança, o qual havia deixado sem ninguém. A pobre mulher precisou de um bom copo de água com açúcar para se recuperar, muito mais tarde.

Depois do incidente, a boa mulher começou a evitar descer do seu apartamento, nos dias em que ele estava de plantão.

Uma informação que merece destaque nesse inusitado “causo”: a senhora, viúva, em bom estado de conservação, sempre bem vestida, bastante atenciosa com todos, contava nada menos que 71 primaveras, na ocasião dos fatos.

Nevinha
Enviado por Nevinha em 04/05/2022
Reeditado em 05/05/2022
Código do texto: T7509424
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