Entre livros e ansiolíticos

Abro um livro de crônicas, a escritora é uma cardiologista com habilidades para transformar dores em pitadas de poesias e crônicas. Estou só e lá dentro, uma ânsia de viver e deixar de viver, a ansiedade dilacera, mas vou lendo apesar das pancadas em minh’alma.

Mês de maio e nenhuma esperança, tentativas vãs de pelo menos escrever o artigo científico e terminar minha graduação. Décimo segundo dia do mês de maio e até agora nenhuma linha, nem mesmo minhas poesias e crônicas eu consigo escrever. A glândula pineal já não funciona perfeitamente, indo na frequência de 1740hz e a mente já deteriorada.

Novamente bate aquela loucura e começo a tremer, coração em desalinho total, tonto e sem rumo pela casa. Grato por ainda possuir uma pequena biblioteca onde sento no velho tamborete herdado de minha avó, começo a ler vorazmente e só assim consigo suportar. Nos dias de crise, chego a ler 200 páginas. Há uma multidão em mim, vários EU´s gritando em absoluto silêncio. E assim vou seguindo entre livros e ansiolíticos.

Goianésia, 12 de abril de 2022

Aureliano Peixoto
Enviado por Aureliano Peixoto em 15/06/2022
Código do texto: T7538369
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