ASCENSÃO SOCIAL NÃO TIRA A DOR DO RACISMO.

Uma mulher negra com uma compleição física em torno dos 120 kg. A natureza não foi generosa com sua aparência. De origem humilde. Seu bairro periférico. Violento, embora existam outros muito mais violentos em Salvador. Diante dessa adversidade se conscientizou que a única saída para ascender socialmente seria através dos estudos.

A escola pública seria o caminho para trilhar rumo ao sucesso profissional. A profissão de professora foi a mais viável. A etapa seguinte foi prestar concurso para o Estado. Muito esforçada, fez mestrado. Após tanto esforço mudou-se para um bairro de classe média. Solteira, já viajou para varios países. Atualmente está terminando o doutorado.

Contudo, mesmo com essas conquistas, a sensação de inferioridade continua entranhado em sua alma.

Essa mulher negra, gorda, feia sente os resquícios da dor racismo do seu pais.

Tem um grupo social do Whatsapp da escola onde ela posta a maioria das mensagens. Grande parte dos seus recados é sobre o seu doutorado, o quanto ela conhece os países,seu retrato é postado quase que todos os dias.

Na escola quer ser o destaque, a chama da vaidade se torna fulgurante.

Não se exaure de proferir que veio de bairro carente, que tem carro, que sempre viaja nos finais de semana.

Essa professora que se sente realizada graças a sua luta e o concurso pelo Estado, que é bom pagador, todo final do mês o dinheiro está na conta.

É compreensível seu comportamento, o racismo no Brasil não dá uma folga.

inclemente
Enviado por inclemente em 28/07/2022
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