O AMOR NÃO MATA ?

O AMOR NÃO MATA ?

O amor é maravilhoso, não é?

É, reponde a humanidade em coro.

Mas porque será que as pessoas mudam de personalidade quando apaixonadas?

Um homem ao lado de uma mulher que ama é outra pessoa, alguém que nem a própria mãe seria capaz de reconhecer. Ele é capaz de dizer que não acha a menor graça em Sharon Stones, que e é fiel a quem ama e só existem duas coisas que realmente importam: ela – em primeiro lugar – e o time pelo qual torce.

Se você encontrar esse mesmo homem com três amigos num bar, vai descobrir que se trata de outra pessoa, só pelo som de sua gargalhada – que aliás, serão muitas. Se passar uma bela morena com as pernas de fora prepare se para presenciar um belo festival de baixarias.

Quem ama se transforma em uma pessoa diferente, com outros gostos e outras paixões, capaz de raspar a poupança para passar um fim de semana no caribe com o ser amado.

E o que dizer daquela mulher que quando ouvia os primeiros compassos de uma música de Barry White começava a mexer o corpo e a cantarolar a letra – ah. Ela sabia de cor I want you just the way you are – hoje em dia quando ouve o primeiro acorde fica surda, perde a memória e nem pensa nas lembranças que a musica traz. E ele, que se apaixonou exatamente porque ela mexia o corpo e cantarolava, agora olha para aquela mulher austera, não entende por que a vida era tão melhor.

Você já fez um strip-tease para seu marido? Talvez sim, quando recém casados, quando envoltos pela paixão, quando a aliança simbolizava o convênio de um amor eterno. Mas agora tem certas coisas que não são para serem feitas de aliança no dedo.

Tente fazer um uma refeição com um casal apaixonado: é praticamente impossível, pois o mundo deles é diferente, e nele não há lugar para pessoas normais.

Vá com seu marido a um lugar interessante, onde ajam muitas mulheres bonitas. No inicio vai ficar espantado – todos ficam – mas depois do primeiro momento (e da primeira bronca), reconhecerá que virou “a patroa” e não vai mais nem olhar.

Faça uma experiência e ameace tirar o sutiã: um homem das cavernas vai surgir de dentro daquele que te encantava, quando passava as mãos nas suas pernas no carro, no meio do trânsito.

Onde foi parar esse homem? Onde foi parar aquela mulher que vivia feliz e risonha, que não queria nada da vida a não ser ficar junto com ele, agarrada, apaixonada? E ai quem ama não mata?

Na verdade quem ama costuma matar ao outro e a si próprio – e o fim dessa história a gente conhece.

Gil Santos
Enviado por Gil Santos em 24/11/2005
Reeditado em 25/11/2005
Código do texto: T75809