TEU CHEIRO

Entregue às lembranças, e quase rendida ao sono, desenho teu contorno no ar, buscando dissipar a tristeza e salvar o que ainda resta de mais uma noite de espera. Novamente você não veio.

Entre os desenhos que faço, teu sorriso me trás alento, teu gingado me faz sorrir, tua pele me arrepia, tua voz me acalanta, teu cheiro me inebria...e o sono finalmente me acalma.

Adormeço ao som do soneto, que você me declamava a jurar o amor "infinito enquanto dure". E assim o foi.

Entre o sono e o despertar, ainda bêbada pela noite intensa, sinto a brisa suave que parece entrar pela porta que se entreabre. Mantenho os olhos fechados, sinto tua presença.

Minha respiração acelera, meu pulso descompassa, espero.

Sinto tua respiração ofegante, teu cheiro torna-se cada vez mais forte. De leve, roça minhas mãos com as costas das tuas. Sinto que se ajoelha diante de mim e sei que está me observando, como sempre fazia. Dizia gostar de me ver dormir e me chamava de "minha princesa". Dizia que meu sono era suave e terno como o sono de uma princesa. Esboço um sorriso, mas finjo que ainda durmo. Você finge que acredita, brincávamos sempre assim.

Passa as mãos pelo meu corpo, suave e delicado. Acaricia minha face, roça meus seios, toca-me as coxas na parte interna. Sabe o que me descontrola, e não poupa as provocações.

Beija-me o colo, tão suavemente que sinto como se fosse apenas a brisa a me tocar.

Sinto teu rosto mais próximo do meu. Teus lábios tocam-me o nariz, os olhos, a boca...é nosso sinal para que eu te devore com meus olhos. Dizia que meu olhar era como uma serpente que te devorava a alma.

Desperto para você, abro-os a tua procura.

Ainda vejo o teu vulto sumindo na escuridão.

Revolvo os lençóis e sinto teu cheiro, que me impregna e me consola.

Monica San
Enviado por Monica San em 03/12/2007
Código do texto: T762958
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.