LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA

A vida tem vida breve. Que frase estranha, mas verdadeira. O tempo passa a galope e se não prestarmos atenção ele é como uma fortuna mal gerida, esvai-se.

Parece que faz tão pouco tempo que eu, junto de meus pais, atravessávamos os campos da Vila Guaíra em direção aos campos da Água Verde para visitar alguns parentes.

Ano de 1954, mais ou menos. Percorrendo aqueles estreitos caminhos que se formavam por onde as pessoas caminhavam eu ouvi minha mãe fazer um comentário que até hoje recordo e me espanto com sua “profecia”:

- Isto aqui, no ano 2000, será só prédios.

E não é que ela tinha razão...

Hoje moro na Água Verde e ao caminhar pelo bairro vejo a quantidade de edifícios construídos. Dos campos verdejantes só restaram lembranças, assim como das caminhadas para visitar nossos parentes que já se foram e hoje habitam outros planos.

Das rosetas espinhosas ainda resta a lembrança de solas de pés ardidas. Os campos deram lugar ao asfalto e os prédios cimentaram as lembranças de frondosos pinheiros enfeitados de pinhas e passarinhos.

A casa de minha Tia Vitória ainda está lá, sobrevivendo à expansão da cidade. Não é mais residência, deu lugar para uma Empresa, mas em sua varanda lembro de nossas traquinagens: Eu e as primas Izir e Graça e primo Neimar.

Tempos bons. Tempo de uma Curitiba tranquila e sem violência. Tempo em que a Cidade era mais verde e mais humana. Tempo que voou rápido como um raio, mas deixou boas lembranças.