JÁ TIVE MINHA NOITE DE FAMA

Já tive a minha noite de fama. Verdade! Vou contar como foi. No final do século 20 ou início do 21, já não sei precisar.

Inauguração de uma loja no bairro chique do Batel, em Curitiba. Coisa fina, muito bem freqüentada. Regada a champanhes, uísques 18 years, vinhos franceses e acepipes da melhor qualidade.

Garçons, devidamente uniformizados, passavam com suas bandejas de prata servindo os convidados. Um deles, José Rodrigues do Prado, que trabalhava comigo na extinta TELEPAR, e fazia bicos para faturar um extra Nas horas vagas.

Para completar a ostentação foi convidado um artista plástico de renome, Luiz Gagliastri, e um verdadeiro burburinho ocorria em razão da presença do ilustre convidado, que estava para chegar.

Eu havia ingressado em um grupo de amigos recentemente, apresentado por meu amigo José Carlos Mazza. Portanto, estava enturmado, mas eles não sabiam muito a meu respeito.

Todos os olhares dirigiram-se para a porta no exato momento em que chegava o convidado. Cercado por admiradores adentrou triunfalmente ao local.

E para minha surpresa ao ver-me, gritou alto:

- CLEOMAR! Em seguida dirigiu-se em minha direção abraçando-me carinhosamente.

O artista famoso era amigo meu de juventude, Luiz Antonio. Cansamos de jogar peladas pelos campinhos do bairro Ahú.

- Luiz Antonio, que surpresa, exclamei.

Todos olharam curiosos para mim. O famoso conhecia o Cleomar.

Foi quando passou por nós o Prado, aquele Garçom que trabalhava comigo, e me ofereceu uma bebida.

- Cleomar, aceita um uísque?

- Nossa! Até o garçom conhece o cara e sabe o nome dele!

Foi assim a minha noite de famoso. Foi de pouca duração. Aliás, como a loja que, infelizmente, também teve vida curta.

Coincidências da vida.