O reencontro

Era início de tarde em uma calorosa quarta-feira de novembro. Enquanto fazia minhas tarefas do dia, aguardava ansiosamente por sua mensagem, avisando-me que estava para chegar. Há quase um mês não a via e o sabor de seus lábios já se perdia de minha mente, ainda que meu coração se lembrasse exatamente de como era senti-la.

Por volta das três da tarde, seu texto finalmente chegou. O coração acelerou, errou o compasso, e as pernas tremeram como se fosse a primeira vez que nos encontraríamos. Suor escorria por minhas têmporas e a respiração se encontrava ruidosa e ofegante. Quem não soubesse o que estava acontecendo poderia suspeitar de que eu sofria, naquele momento, de uma crise de ansiedade. Não que eu não estivesse ansioso para revê-la, mas aqueles sintomas indicavam o diagnóstico de uma prévia paixonite aguda que se cronificou.

Entrei em meu carro, ativei o GPS, liguei a playlist com minhas músicas favoritas e parti para o local de sua chegada, uma garagem de ônibus um tanto quanto distante. Naqueles mais de quinze minutos de viagem, dirigindo um pouco acima do limite de velocidade, tudo o que eu desejava era seu abraço. Pensei e repensei na cena de nosso reencontro, dias após uma discussão. O clima ficaria tenso ou aquilo já era águas passadas?

Estacionei o carro e o ônibus estava lá. Atrás dele, onde minha vista não alcançava, ela esperava para pegar sua bagagem. Olhei-me uma vez no espelho, arrumei o cabelo para o lado, ajeitei o topete, respirei fundo e parti a seu encontro.

Os passos, aparentemente firmes, escondiam o medo e a insegurança, a saudade e a ansiedade por reencontrar aquele pequeno anjo de pouco mais de um metro e meio, cabelos escuros, lisos e compridos, com luzes, olhar profundo de um castanho tentador, lábios atraentes preenchidos por um sorriso acolhedor, estilosa mesmo nas roupas mais simples. Quando contornei o ônibus, lá estava ela, com seus jeans pretos e resgados, com sua presença imponente em meio a tantos desconhecidos. Era como se minha mente deixasse de processar o restante do mundo e tudo o que meus olhos viam era os dela.

Há dias esperava por aquele momento. E ele não me decepcionou. O encaixe de seu abraço, a sintonia de nosso beijo, o desejo de viver que exalava de seu perfume e o aconchego de sua voz me levaram da Terra ao Céu no intervalo de um toque. Meu espírito floriu primavera, minha alma aqueceu-se no calor da chama da paixão que ganhava força em meu peito, luziu amor no céu azul de nosso relacionamento.

Tum-tum! Tum-tum! Tum-tum! Sintonizados, nossos corações sabiam, antes da própria razão, que ali começava o capítulo mais lindo de nossas vidas.

Vitor do Carmo Martins
Enviado por Vitor do Carmo Martins em 07/12/2022
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