O Patriota que Virou Mané

Teme o comunismo, mas tem apenas um Onix 2014, uma bicicleta e um cachorro e mora com a mãe.

Anda assustado porque podem fechar as igrejas, mas nunca apareceu numa missa desde que foi batizado.

Defende a família com ardor, mas já casou e descasou cinco vezes,

sempre em busca da família perfeita. Por isso mesmo mora com a mãe.

Considera-se nacionalista, mas aplaude a venda das reservas do pré-sal e a porteira aberta para qualquer boiada na Amazônia.

Tem adoração pela vida militar, mas conta como vantagem que arranjou um atestado para escapar do serviço obrigatório.

O patriota que também é mané planta alface orgânica em vasos em casa, mas acha que a agricultura é pop e não sobrevive sem uso intensivo de venenos.

Separa lixo seco e lixo orgânico e defende que a poluição dos oceanos pelos plásticos é inevitável.

Acha que Deus deve proteger só a extrema direita e quem ergue as mãos quando vai bater o pênalti.

Cita versículos da Bíblia citados por Bolsonaro, mas nunca leu uma página da Bíblia.

Fala em paz e tem cinco revólveres em casa, comprados como colecionador.

Defende as crianças de todas as ameaças, mas votou num sujeito que sente um clima quando vê uma menina de 14 anos.

Fala gritando que bandido bom é bandido morto, desde que sejam bandidos imaginários e da esquerda.

Prega a ética e a moralidade e diz quando questionado que a lavagem de dinheiro dos Bolsonaros não é bem assim.

Diz que todos são iguais, mas os brancos são mais iguais do que os negros e tem certeza de que o holocausto não existiu.

Gosta de informar que descende de índios e portugueses, mas entende que nenhum povo precisa ter a proteção de terras demarcadas.

É defensor da livre iniciativa, desde que não interferia nos seus

negócios.

Já tentou contatos com seres extraterrestres em acampamentos de patriotas, mas duvida que o homem tenha ido à Lua.

Moisés Mendes