Lazer pra que, vai trabalhar, vagabundo!

Sábado de manhã. Um homem de aproximadamente quarenta anos de idade, magro, um metro e oitenta de altura, rosto e braços queimados de sol, levemente embriagado, vestido com uma camiseta encardida da seleção brasileira de futebol – pediu carona no ônibus que eu acabara de embarcar: o pedido lhe foi insultuosamente negado. “Se estivesse indo trabalhar, até que ia”, comentou o motorista com o passageiro ao seu lado na hora.

“Se estivesse indo trabalhar, até que ia”. No mínimo despropositada tal frase. Ou, na certa, pobre só tem direito a isso mesmo, a trabalho. Aliás, parece que sim. Pois não é nos finais de semana que se reduz a frota de ônibus que circula pela cidade? Passear, ir a um parque, ao cinema, ou algo do tipo, é só para quem tem carro, ou, muita paciência. Ou você, caro leitor, nunca passou um bom bocado de tempo esperando ônibus passar no ponto em finais de semana?

Mas, voltando novamente a frase do motorista. “Se estivesse indo trabalhar, até que ia”. Trabalhar para quem, meu caro? Para si mesmo? Ou, por acaso não estava ele, o motor, trabalhando para o lucro de alguém que naquele exato momento dormia despreocupadamente em seu luxuoso apartamento?

.... E assim se deu a primeira morte por ciúmes da história (ao menos na tradição judaico-cristã): dizem que Caim matou Abel por espírito de emulação, em um dia que Caim dirigia o ônibus da linha 435. Abel, segundo Caim, vagabundo, nóia, achou de levantar o dedão. Caim passou-lhe por cima. “Se estivesse indo trabalhar, servir ao senhor, até que ia”.

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Tiago Torress
Enviado por Tiago Torress em 10/12/2022
Reeditado em 14/12/2022
Código do texto: T7669205
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