DE VOLTA AO MAR
Mergulho meus pés na areia quente...e úmida.
O som do mar chega até mim sedutor, envolvente...a maresia me encanta...flerto com ele.
Me faço de difícil, finjo que não sinto, finco pés na massa que molda minhas pegadas e parece querer me engolir, ou por outra, me salvar desse encantamento, desse perigoso entrevero.
Lembro-me de um dia passado. Um flerte tímido, acanhado, onde nos seduzimos, eu e ele, um certo mar encantado.
Não havia areia, nem a vastidão do oceano, só o mar e eu. E uma multidão que parecia querer tragar-me a atenção e o afeto, que eu insistia em dispensar à um tal olhar.
Seduzida pela maresia e pelo som mudo dos olhos que me seguiam e pareciam sussurrar ao meu ouvido palavras encantadas, fui-me deixando levar, e me envolver pela imensidão azul que me observava, cortejava, e sutilmente me desnudava.
Fui menina sonhadora, romântica, logo cedo me entreguei ao amor de alma apenas, entreguei minha alma ao azul de um olhar e quis amar, desejei ardentemente esse amor, e amei.
Da forma mais intensa, verdadeira, pura e humanamente possível.
Hoje, o coração aquietou, a alma arrefeceu, mas ficou o som, o cheiro, do mar que me seduziu.
E o desejo de voltar à ele, de novamente me deixar encantar, de me sentir envolta pelas suas ondas, pelo seu azul, pelo seu bailado ora suave, ora revolto, agitado.
O desejo de ter meu corpo nu por ele coberto, envolto, sentir o jogo, a sedução que me arrepia a pele, acelera o pulso, toca meu rosto, meus seios, meu sexo.
Solto-me da areia pegajosa e fujo em sua direção.
Desejo essa imensidão, quero que me seduza, que me envolva e me encante, quero de novo navegar nesse azul.
Estou pronta...quero esse mar, quero de novo amar!