Glória nas Alturas

Morre Glória Maria, uma das maiores personalidades do jornalismo brasileiro. E eu fiz o quê? Chorei, claro, mas também passei o dia rindo, e muito, a cada sequência de suas peripécias que assisti na TV. Suas caras, bocas e gritos, em manobras loucas radicais, me causaram risos que desmontaram minha resistência e tristeza pela perda irreparável de um ser cuja caminhada fluiu por toda minha existência.

Com 50 anos de uma carreira gloriosa, em uma empresa poderosíssima, há muito o que dizer dessa jornalista. Mas isso não importa. Glória merece é ser cantada em poesia e prosa por sua irreverência, talento, bravura, carisma e exemplo. Foram esses elementos que arremessaram sua carreira a patamares impossíveis para muitos, mas inspiradores para todos que a seguiram. Glória é aquele tipo de ser que vem ao planeta para vencer, independente de raça, meio e nacionalidade. Viveu do seu jeito, sem seguir padrões, receitas de comportamento, se negando a aceitar ou temer as cascas de bananas que surgiram no meio do caminho. Foi uma pessoa tão contagiante que bastava vê-la abraçar alguém para sentir o seu calor e pronto.

Daqui para adiante, dois de fevereiro vai ser também um dia de Glória: dia de aprumar a espinha, dar um jeito na moleza, porque no andar de cima, agora, tem uma repórter intrépida que sabe de todas as coisas e deixou cansados os caminhos com os pancadões dos seus calçados mundo afora. Tão atirada foi a criatura que os Ministérios da Saúde e da Cultura deveriam recomendar a todos não fazerem em casa ou em qualquer lugar o que ela fez.