Correntes.

Mesmo que sem perceber,temos as nossas amarras.

Todos os nossos passos,acabam nos levando a isso.

Aceitamos estar presos,pra que sejam válidas as súplicas por liberdade.

E fazemos esse pedido em voz baixa,nem temos tanta intenção de sermos ouvidos.

Afinal,a liberdade que desejamos,pode ser também a decadência do que acostumamos a ter.

Isso causa muito medo,imaginar que de fato estaremos livres.

Sem nada nos mantendo ligados e inseridos,assustador a possibilidade de voar.

Como vamos fazer isso ?

Mergulhar sozinhos em nossas próprias vidas,sem os limites dos helos.

Eles nos dão uma força de brigar,pois sabemos das limitações.

Não vamos passar as linhas,estaremos seguros e cautelosos.

Acorrentados e cheios de expectativas,contrapondo-se à versões otimistas que alimentamos.

Precisamos aprender a ter o controle,cuidar pra que o medo de andar não nos tira a possibilidade de correr.

E passamos a vida na correria,fomos treinados e incentivados a isso.

Iludidos de que podemos ir longe,confiantes na extensão daquilo que nos prende.

Saímos a passos largos,até que de súbito numa retração já prevista.

Somos trazidos de volta,pra nos lembrar que temos limites a serem mantidos.

Correntes! elas são reais pra nós,temos que aprender a vencê-las.

Quebrar uma a uma,sem que sejamos feridos no atrito inevitável.

E se por vezes não for possível,que pelo menos tenhamos força de seguir.

Com o baralho dos helos marcando o chão,quebrando o silêncio de uma existência fingida.

Afinal, tudo pode se resumir a mera distração,viver pode sim ser algo paralelo ao que damos valor.

Talvez isso seja a nossa âncora,o que nos faz aceitar as correntes.

Um motivo aceitável,pra que sejamos tão passivos ao tempo.

O mesmo tempo que perdemos,na corrida inútil por conquistas ilusórias.

Pois é claro o fato de que,vamos continuar achando motivos,válidos ou não.

Pra nós convencer da necessidade de ficar,sem embolsar reações.

Sem perceber que assim,passamos a vida acreditando que podemos voar alto,fazer coisas relevantes,fora do alcance das trancas habituais.

Reduzir tudo a simples correntes,presas ao corpo e, somente ao corpo.