Se Aquele Sabugueiro Falasse...

 

 

 

Todas as vezes em que nos falamos

Trocamos palavras educadas e triviais

Ousamos confessar apenas que nos gostamos

Mas sinto trêmulas as mãos da moça de Batatais

É um momento sublime tido hoje em dia como jocoso

Meu jeito de moça simples chega a deixar o moço nervoso

Basta timidamente minhas pálpebras baixar

Para lentamente de mim ele tentar se aproximar

Pede para que eu soletre uma palavra qualquer

Resguardo-me no sagrado silêncio de mulher

Mas ele insiste em querer ouvir a minha voz

Então em uma palavra resumo tudo

Nós...

E eu que mal passo de uma menina

Vejo o discreto marejar de sua retina

Abraço a mim mesma

Como se sentisse frio

Enquanto ele aconchega-me junto ao peito com destreza

Ali sob as árvores a beira daquele rio

Debaixo daquele Sabugueiro

Abro os meus braços para fazê-lo consentido prisioneiro

Descalça num vestido simples de algodão 

Na água jogo as correntes

Nem podia ser diferente

Sou a moça que aflora sentimentos pela emoção 

No limo das pedras quase escorreguei

Ainda bem que astuta em seus braços me amparei

Mas quando ele  preparava para me beijar

O avisei que para casa precisava voltar

E agora como fica meu coração pequena?

Embrenhei-me numa fuga pelas rochas

Deixando um rastro de Letras carinhosas

Também sente medo de Amar uma morena...

 

 

 

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 03/04/2023
Reeditado em 03/04/2023
Código do texto: T7755546
Classificação de conteúdo: seguro