A Bomba.

Faltava apenas dois meses para aguardada formatura do ginásio, e eu, quatorze anos, no ápice da puberdade, desafiava o sistema a cada segundo.

Alguns professores revolucionários contribuíam para isso, no incentivando a ler: “Brasil, nunca mais.“ , “As veias abertas da América Latina.“, “1984“ e “O capital“.

Éramos uma turma agitada, mas com uma vontade de aprender sem limites, cultuávamos os mestres que nos doutrinavam: política, magia, sexualidade e movimentos sociais.

Destruíamos outros, que lecionavam sem nenhuma excitação, tentando nos impor somente com sua autoridade.

A escola localizava-se em um prédio; tamanha a quantidade de alunos encapetados, nunca ocorrera um acidente grave em suas inseguras escadas, algo difícil de acreditar...

Algumas travessuras entraram para a história, como no dia em que, encontraram o sininho que a diretora tocava; dentro da talha de água, na sala dos professores. Detalhe: O sino ficou desaparecido por dois anos.

Cansados de nossa rebeldia, a direção do colégio tomou uma ambígua decisão, a partir do próximo mês, a primeira desavença as regras, seria punida com a expulsão do mesmo.

Como aluno questionador, notei que havia uma brecha na regra, pois encontrávamos no mês anterior.

Tratei logo de arquitetar um plano, comprei: rojão, e um cigarro, deste ultimo retirei o filtro.

Coloquei meu plano em prática, acendi o fogo no cigarro que estava fixado ao rojão.

Ingênuo, contei a todos da sala, e era questão de minutos para que a explosão ocorresse.

Havia se passados vários minutos, e sinceramente já acreditávamos que a bomba tivesse negado.

De repente, o estouro. Um elevado som que ecoou em todo o edifício. Pânico total nos alunos, professores e supervisores.

Alguns segundos depois, os diretores já estavam em nossa sala, tinham certeza que encontrariam os culpados ali. Escolheram, os mais manjados, já prometendo a expulsão.

Entreguei-me, sabendo é claro que me denunciariam...

Chegando a sala da diretoria, o telefone tocava a todo momento, vizinhos indagavam sobre a explosão.

Depois comunicarem a meus pais, sobre minha extrusão.

Em casa, levei uma surra daquelas... Mas, algumas horas depois, um telefonema avisava... Poderia retornar no outro dia letivo.

O Motivo? Um motim dos professores... Estes reivindicavam a minha volta ou exigiam suas demissões.

Pergunto: Como esquecer estes fabulosos Mestres?

dcapitaneo@gmail.com