JOGADOR

Um dia girei a roleta da sorte

Caiu apenas uma moedinha,

Ela tinha um valor ínfimo,

E também era diferenciada.

Deveria guardá-la como amuleto,

Infelizmente não o fiz.

E assim, por muitas vezes, ouvia o crupiê gritar:-

"Façam suas apostas"!

E às vezes ele repetia: - " Hiii... Deu burro novamente"!

O tempo passou e demorou para eu entender

O que era o embaralhado de um jogo comum

Que o burro daquelas apostas, parecia comigo.

E andamos juntos por um bocado de tempo.

Enquanto bicho, estava a observar os outros,

E via o quão são ariscos!

Cabreiros dos próprios semelhantes, do bicho homem.

Agindo pelo conhecimento de causa,

Ou apenas pelo impulso ou instinto .

Aquela moeda que outrora ganhei,

Tinha um simbolismo na efígie,

Uma mulher, feito serpente de duas cabeças,

Uma olhava distante, a outra olhava para mim.

Assim como um jogo de interesses,

Ou simplesmente, reações distintas!

Decodifiquei-a e tirei minhas próprias conclusões:

"No jogo da vida, a efígie que estava cunhada na moeda,

Trazia-me as escolhas, e as duas cabeças, as decisões.

A protagonista dessa fábula, atravessou o lúdico,

Transformou-me e foi se transformando

naquela que escolhi para viver comigo.

Duas cabeças, nossas cabeças, pensantes.

Aquelas que sempre dirigiram nossos destinos,

Frutificaram, em forma de união, família e progresso.