O MAR E O HOMEM

O MAR E O HOMEM

Dia desses estava no calçadão da Praia das Pitangueiras, em Guarujá, uma tarde carrancuda, uma bendita chuvinha já havia caído, o mar estava “mexido”, ondas grandes, acima do normal, a maré subindo tomando quase que a totalidade da areia da praia. Eu ali parado. O lusco fusco do dia, dava um ar de cenário nostálgico, eu meio hipnotizado observando o vai vem das ondas, que em dias normais, mar calmo, as ondas chegam faceiras e beijam com ternura a sua eterna parceira, a areia da praia. Mas, agora, elas (as ondas) chegavam com mais vigor, com cara de pouca amizade, embaladas pelo bramido do mar, esparramavam-se, invadindo-as e beijando com furor, e se retiravam. Esta visão levou-me a uma analogia com os humanos sentimentos, ou seja nós mesmos, quando estamos em nosso normal, o dia transcorreu as mil maravilhas, chegamos em casa e abraçamos a esposa (noiva, amante, namorada) com carinho, lascamos um beijo com ternura, com gosto de “hoje tem”, porém, se “deu ruim” nos negócios, a chegada em casa não é nada triunfal, cara de quem perdeu o jogo de sete a um, um beijo na testa na mulher e só, na cama a certeza, que nada vai rolar a não ser o sono, claro.

O mar quando está naqueles dias, ondas gigantes, rugindo mais que leão, não quer dizer que deixou de amar sua parceira areia, igualmente o homem, não deixou de amar sua mulher, trata-se apenas de um mau humor, ocasionado por circunstâncias climáticas para um, e meta não atingida para outro; Um chega de maré cheia, e o outro de saco cheio. E viva a natureza, amanhã é outro dia, será melhor!

ANDRADE JORGE – GUARUJÁ/SP – Acadêmico fundador da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro

31/08/2022

N.A. texto a partir de um vídeo autoral na Praia das Pitangueiras em Guarujá.