Chove
Eu sempre fui de chuva e isso não significa que não goste de dias ensolarados e noites estreladas. Apenas não me sinto intimidada, aliás, diria até que tenho uma certa intimidade com dias cinzas e molhados. Assumo que gosto de andar na chuva, como um ritual. Eu a sinto e a recebo em mim como benção, purificação, conexão com a terra.
Minha mãe me contou (ou eu apenas inveitei isso no meu inconsciente) que nasci num dia de muita chuva, aquelas de outono. Talvez venha daí esse laço. Mas quem sabe ao certo? Pode ser também que venha desse meu apreço pela poesia, pelo profundo, pela sombra que precisa ser percebida para então dar espaço à luz. A chuva traz essa atmosfera de introspecção, melancolia e fundura, um convite a meditação, clima propício à ponderações, reflexões, revisões... Então me julgue quem quiser, fique à vontade. Sou de chuva sim, e divinamente eclética, não deixo de ser também de sol, de estrelas, de vento, cachoeiras, mar, prais, montanhas, primaveras, verões, outonos e invernos. Talvez eu seja a reencarnação de uma árvore bonita, só que isso é uma outra história, que certamente, um dia te contarei.