ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (40): A Empresa da Fé Ridicularizando o Dom da Pregação.

Havia um tempo em que a fé e a religião eram encaradas como algo sagrado, puro e intocável. Mas, ao olhar ao redor nos dias de hoje, percebo uma transformação que me inquieta e desperta questionamentos profundos em minha alma. Por que aderir e apoiar um sistema religioso que mais se assemelha a uma empresa ávida por lucro do que a um espaço de conexão divina?

A igreja, outrora um refúgio espiritual, parece ter adotado os moldes de uma firma convencional. Seleção de obreiros, sindicalização, férias remuneradas, aposentadorias por tempo de serviço e salários executivos! É como se o sagrado se tornasse profano, uma estúpida mordomia que desvirtua a verdadeira essência da mensagem divina.

É intrigante observar como até mesmo concursos foram realizados para empregar aqueles que desejam se empenhar na obra da pregação. Mas, como desclassificar alguém que genuinamente deseja dedicar sua vida a espalhar a palavra de Deus? Infelizmente, muitos foram oficialmente excluídos simplesmente por não possuírem a proteção de parentes, amigos ou poderosos "departamentais" já inseridos nessa estrutura organizacional.

Contrariando tais práticas, a própria natureza do Evangelho nos remete a uma pregação criativa e personalizada, desvinculada de qualquer entidade empregatícia. Os anjos, exemplo divino de dedicação, são voluntários por excelência. E todos nós que nascemos no Reino de Deus carregamos a sublime obrigação de sermos voluntários, testemunhando as Boas Novas de Salvação. Nada nem ninguém pode nos impedir; pois, o conteúdo é o que realmente importa, e todos estamos devidamente habilitados para exercer um trabalho missionário brilhante.

Quantos servos de Deus, mesmo sendo simples e humildes, têm impressionado o mundo com o poder de suas palavras! Eles não estão atrelados a uma estrutura empresarial, mas são livres para expressar sua fé de forma autêntica e impactante. Suas vidas são testemunhos vivos da mensagem que carregam, e suas obras transcendem qualquer formalidade institucional.

É tempo de refletir sobre a essência da religião, sobre o propósito mais profundo da fé. Devemos resgatar a simplicidade e a humildade que foram deixadas de lado nessa busca desenfreada por poder e lucro. A verdadeira pregação não pode ser ridicularizada por uma empresa da fé, pois sua força reside na conexão direta com o divino, na sinceridade do coração e no amor ao próximo.

Que possamos resgatar a pureza do dom da pregação, sem amarras ou interesses mesquinhos. Que possamos encontrar a liberdade espiritual que transcende as estruturas institucionais e nos permite ser verdadeiros mensageiros da palavra de Deus. Que nossa voz ecoe com a simplicidade e a verdade que somente a fé genuína pode oferecer.

E assim, com o coração inflamado pela paixão divina, concluo esta crônica evangelística.