Maria Defeituosa

Sou a Maria defeituoso, nasci assim cheia de defeitos e atrapalhada e por mais que eu tente agradar me enrolo cada vez mais no emaranhado dos meus defeitos, aponte-me o dedo quem não os tem? Mas, os meus parecem ser maiores, tento corrigir mas não consigo…assim vou seguindo, criando confusões, onde não quero, sou olhada com certo desdém e crítica, que mulher chata essa! Crueldade as vezes, porque eu só queria ajudar ou cuidar, mas nada, sou mal interpretada, julgada, escuto críticas dizendo, deixa de ser metida e controladora, isso aí não é a sua essência, apenas demostra a sua baixa autoestima, escuto coisas que mal sei interpretar. E a palavra da moda, a tal de “toxicidade”, tudo hoje se resume em relacionamento tóxico, ultimamente a palavra está no auge da moda, interessante, até as palavras tem modismo. As vezes eu penso, se eu falasse tudo que penso de algumas coisas que escuto ou alguns comportamentos, até Deus duvidaria do que eu falaria, afinal de contas tenho direito de pensar, mas deixa pra lá, como eu iria assumir os meus “BOs” também é difícil, “BO” outro chavão que está na moda e eu estou aprendendo, já consigo até escrever sobre o assunto, pelo menos eu estou aprendendo os chavões, isso é bom para alguém que está na maturidade… e assim vou ouvindo e incorporando as palavras ditas nas postagens ou nas Lives das psicólogas nas mídias sociais. Eu penso, cada um fala e entende o que quer e como quer, é ciência, pseudociência, quem sou eu pra julgar? Como já vim defeituosa, perturbada, difícil e complicado, adjetivos que escutei várias vezes da pessoa que escolhi pra viver comigo até o final, talvez tenha assimilado e acreditado, pois eu acreditava na pessoa e pensei que ele apenas queria ajudar, idiotice a parte. E se fizer uma terapia? Alguém fala, seria um bom começo, mas eu não tenho muita paciência, prefiro uma boa conversa com amigos, as vezes até um estranho resolve, pois dois complicados juntos se entendem, riem e choram e tudo termina bem, assim, cada um vai esquecendo a sua dor e ajudando a curar a dor do outro. Outra terapia que ajuda, ver o tempo passar sentada num banco de jardim ou em frente ao mar ou num café fazendo nada, dar leveza pra alma. Escrever também ajuda, sorrir para um estranho, é tão bom, já tentaram? Ele o viu e retribuiu o seu afeto, porque as vezes os moradores da própria casa nem sequer se olham…tem horas que eu penso, Jesus não agradou a todos, por que eu agradaria, pelo menos essa desculpa já é um consolo e serve pra acalmar as dores do coração. Tem dias, que as críticas e os adjetivos pesam, são estranhos aos meus ouvidos, mas quem não os escutas? Também é um outro consolo e vamos seguindo em frente aguardando as cenas dos próximos capítulos. Uma observação sobre o texto, não é a minha história e nem a de ninguém, é apenas uma narrativa aleatório dos relacionamentos atuais, sentimentos e sensações sentidas pela metade das pessoas que habitam o planeta. Simples assim! Se pudéssemos compreender mais, aceitar mais, julgar menos, amar mais, não existiria metade destes sentimentos, no entanto, o texto não teria sido escrito, fica a dica!

Iracema Patrício