Um presente vermelho e negro

Era um dia ensolarado, mas ameno, daqueles que convidam a sair de casa e aproveitar a vida. Eu estava no meu intervalo de trabalho e resolvi ir a um sebo que costumo visitar, em busca de um livro especial. O livro era "O vermelho e o negro", de Stendhal, um clássico da literatura francesa que narra a ascensão e a queda de Julien Sorel, um jovem ambicioso e apaixonado que se envolve em intrigas políticas e amorosas na França do século XIX.

O livro era um presente para uma pessoa muito especial, que adora leitura compartilhada com discussões inteligentes. Ela me disse que nunca tinha lido Stendhal e que tinha curiosidade de conhecer sua obra. Eu já tinha lido o livro uma vez e tinha ficado impressionado com a complexidade dos personagens, a crítica social, o estilo irônico e a tensão dramática da história. Eu queria compartilhar essa experiência e ver o que ela pensava sobre o livro.

Cheguei ao sebo e fui direto perguntando sobre literatura estrangeira. Minha expectativa era comprar o livro com uma capa vermelha que eu tinha visto na internet, mas encontrei uma edição em capa dura mais interessante, com ilustrações. Peguei o livro nas mãos e senti o peso da história que ele continha. Abri uma página ao acaso e li um trecho:

"Julien sentia-se transportado para outro mundo; via diante de si uma mulher adorável, que lhe falava com ternura; sentia-se amado, e amava com delírio. Esquecia tudo, até mesmo o que acabara de fazer."

Fechei o livro e sorri. Era isso mesmo que eu queria: um presente que fosse capaz de transportar a pessoa amada para outro mundo, que lhe falasse com ternura, que lhe despertasse o amor e o delírio. Levei o livro para o caixa e paguei com satisfação. Saí do sebo com ele debaixo do braço, cheio de expectativa de entregá-lo como um presente especial.

No caminho de volta ao trabalho, pensei em como seria a reação dela ao receber o livro. Será que ela iria gostar? Será que iria se identificar com algum personagem? Será que iria se emocionar com as reviravoltas da trama? Eu tinha certeza que ela iria entender as referências históricas e culturais, as nuances do estilo de Stendhal. Mas, será que ela iria se surpreender com o final?

Eu não via a hora de entregar o livro para ela e começar a ler junto. Eu queria ver os seus olhos brilharem a cada página, ouvir os seus comentários inteligentes, sentir as suas emoções vibrarem. Eu queria fazer do livro um elo entre nós, uma ponte para o nosso diálogo, uma janela para o nosso mundo.

Eu sabia que "O vermelho e o negro" era mais do que um livro. Era um presente vermelho e negro: vermelho como o sangue do amor e da paixão, preto como a tinta da escrita e da reflexão.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 17/07/2023
Reeditado em 17/07/2023
Código do texto: T7839434
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.