AS SILENCIOSAS DORES DO PROGRESSO

As Silenciosas dores do Progresso!

À medida que caminhamos pelos corredores do século XXI, sentimos mais intensa necessidade de criar novos rumos, novas perspectivas e novos recursos para enfrentar as distorções e controvérsias das mentes humanas e suas complexidades.

As pessoas são diferentes nesse tempo de tantos desenvolvimentos científicos, de grande participação em temas dantes não tão visíveis, e, no entanto, parece que ficamos insensíveis, tão cheios de conceitos e apuramos os preconceitos, contrariando de maneira inacreditável a sapiência do contexto atual.

Queremos ditar nossas próprias regras e isso não teria qualquer problema se, em função da nossa opinião, não tentássemos diminuir ou ridicularizar, quem pensa ou sente diferente.

São tempos desafiadores, onde alguns daqueles que tem seus diplomas pendurados nesses corredores pós-modernos, se acham profundos conhecedores de todos os assuntos e, portanto, criticam de maneira destrutiva os que por qualquer motivo, não tiveram a oportunidade de conquistar ou de se permitir que instalassem seus comprovantes de graduação, devidamente emoldurados, em qualquer das paredes desse túnel cheio de portas que denominamos “corredores do novo século”.

Nos meus tempos de juventude, quer parecer que poucas pessoas espalhadas por toda a superfície do Planeta Azul, desfrutavam dos saberes e algumas vantagens da qual dispunha seu universo econômico, que o levava a ter a chave para abrir algumas dessas portas e saborear novos conhecimentos e descobertas da então “incógnita pesquisa científica “.

Hoje as telinhas nos mostram abertamente as fontes que ligam a energia do conhecimento e mesmo os menos favorecidos, tem contato, ainda que indireto com essas informações.

Aconteceu no passado recente; 50 anos para ver a ciência ACONTECER bem diante dos nossos olhos; fazemos parte dela; estão nas lembranças dos que nasceram entre os anos 60 e 80: O Homem foi a Lua – 20 de julho de 1969 - Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram com segurança em “Mare Tranquillitatis”, deixaram marcas de seus passos na lua;

A velocidade do mundo foi alterada drasticamente, posso dizer que “Vi Acontecer”, a ciência se multiplicando e as pessoas se movendo em supersônicos, aviões mais velozes que o som, e o OVERTURE com promessa de 1.800km/h e nenhum som. Mais recente os X-59 desenvolvido pela NASA, emitirão sons de apenas 75 decibéis.

O que de mais moderno, o conhecimento humano puder promover: está acontecendo agora!

Os assombrosos eventos da ciência, voam por esses corredores distribuindo bem e mal, paz e guerra, amor e ódio, verdades e fakes.

O Ser Humano fez tantas descobertas, criou benefícios até então inesperados: Tiramos o som dos aviões, tiramos a dor dos injetáveis, o gosto ruim dos xaropes, criamos portas automáticas; Ah! Jornada nas estrelas! Máquinas, computadores, celulares e desesperadas vacinas, para proteger e preservar a vida e a mais recente e não menos assustadora “Inteligência Artificial”.

E o corredor se alonga e surgem mais portas, mais emoldurados nas paredes;

Em alguns pontos, antes esporádicos, agora muito frequentes, há muros erguidos pelo silêncio, pelo descaso, pela falta de amor e de humanidade. Temos tudo nas mãos, mas se encontra vazio o coração.

Nesse corredor cinza e solitário cheio de diplomas, certificados, pós-doutorados, grandes recursos da ciência, muitas possibilidades, há algumas salas envidraçadas onde podemos ver pessoas que nos observam passar correndo, envolvidas em nossos interesses; olhamos para elas, mas não conseguimos alcança-las, pois não há portas.

Elas querem sair, viver, ver o que vemos, sentir o que sentimos, mas são limitadas pelas paredes imaginárias ou não, que as isolam num mundo impenetrável onde a psicologia, psicanálise batem insistentemente para fazer contado e liberta-las.

Nesses corredores de avanços, de novas ideias, de novos conceitos, de poucos valores, há um mundo de solitários e carentes, carentes de olhares doces, de boas palavras, de solidariedade, de grandes ou pequenas verdades; carentes de um ponto de descanso, um travesseiro de tranquilidade, um lugar nesse estranho corredor, onde a vida ganhe cor.

Com tanto avanço e descobertas, ficamos descobertos, como aquela estória do lençol curto: “cobrimos os pés e descobrimos a cabeça”.

As dores causadas pela solidão desse mundo pós-moderno, precisa encontrar uma saída, um túnel, um escape para Pandora, para um mundo onde “suicídio não seja uma solução permanente, para um problema temporário”.(Andrew Solomon)

Precisamos com urgência ver a Luz no final desse corredor....

Solange Lisboa

19/07/2023