O balanço

Olha o menino,

Olha João no balanço,

Olha e repara em seu rosto:

Triste, feliz, triste, feliz...

Engraçado vê-lo assim no balanço.

Quando o balanço vai

Sente-se feliz, sente o verde,

Sente que tudo é melhor,

Que ele está indo pra frente.

Mas quando o balanço volta

Aparece a tristeza, vê o chão seco,

Sente vertigem, sente vontade de sair dali

Não importa pra onde, só quer sair.

E João fica nisso o tempo todo

Minuto a minuto, hora após hora...

“ – Você vê o que eu vejo?

- Você me ouviu?”

Eu olhava João

E falava sozinho.

Quanto à seus pais:

Sabiam onde ele estava,

Sabiam que não era o melhor lugar para ele.

Mas eles estavam na sombra

E não queriam sair de lá, não queriam se levantar.

Falavam pra ele sair

Mas ele não conseguia, não sabia como.

Estava preso, ou será com medo?

Seus pais fingiam se importar,

Diziam que ele deveria dar um jeito.

Eles sabiam onde ele estava,

Para eles, isso bastava.

E sempre que João cai, eles falam:

“ – Levanta, não foi nada!”

Não foi nada pra eles.

Seus pais falavam, falavam

Mas não faziam nada.

E naquele balanço

João sempre ficava.

Wyllian Neo Dalla Valle
Enviado por Wyllian Neo Dalla Valle em 20/12/2007
Código do texto: T785910
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.