O balanço
Olha o menino,
Olha João no balanço,
Olha e repara em seu rosto:
Triste, feliz, triste, feliz...
Engraçado vê-lo assim no balanço.
Quando o balanço vai
Sente-se feliz, sente o verde,
Sente que tudo é melhor,
Que ele está indo pra frente.
Mas quando o balanço volta
Aparece a tristeza, vê o chão seco,
Sente vertigem, sente vontade de sair dali
Não importa pra onde, só quer sair.
E João fica nisso o tempo todo
Minuto a minuto, hora após hora...
“ – Você vê o que eu vejo?
- Você me ouviu?”
Eu olhava João
E falava sozinho.
Quanto à seus pais:
Sabiam onde ele estava,
Sabiam que não era o melhor lugar para ele.
Mas eles estavam na sombra
E não queriam sair de lá, não queriam se levantar.
Falavam pra ele sair
Mas ele não conseguia, não sabia como.
Estava preso, ou será com medo?
Seus pais fingiam se importar,
Diziam que ele deveria dar um jeito.
Eles sabiam onde ele estava,
Para eles, isso bastava.
E sempre que João cai, eles falam:
“ – Levanta, não foi nada!”
Não foi nada pra eles.
Seus pais falavam, falavam
Mas não faziam nada.
E naquele balanço
João sempre ficava.