Bike – No ritmo da subida

Recentemente ouvi falar de Runner’High, em tradução literal seria algo como “corredor chapado”, a compreensão é difícil no momento, quem explica parece não saber dizer muito sobre o que ele mesmo vivenciou. O que eu ouvi falar, a coisa que me fez lembrar que eu já tive esse tipo de sensação, onde parece que seu corpo é imbatível e parece que se tem energia para mais 10km. Além da grande paz mental que dá, a música impulsiona essa sensação fervorosa e individual.

Uma vez eu estava indo para a faculdade, no meio do caminho – eu não sei se era por conta do fenômeno – eu estava indo muito rápido, mudando toda hora de calçada e desviando dos carros, tendo aquela visão 180º graus com os cantos dos olhos e a música era daquele estilo phonk que o pessoal de academia ama.

Eram várias subidas e poucas decidas e que eram tão grandes, que eu rapidamente saia dela em quatro segundos ou menos, avançando novamente para outra subida. Comecei a pedalar de pé, a coxa quase não doía e a respiração estava muito bem controlada, na verdade eu me sentia um animal buscando a presa, no caso era a faculdade. Eu sei que é chato chegar em certo lugar coberto de suor, mas julgamento nenhum poderia me parar naquele estado de transe, enquanto a adrenalina percorria cada vaso sanguíneo do meu corpo.

Tem uma parte bem plana no caminho de casa até a universidade, lá eu sempre tenho tempo de pensar e sempre penso em algo engraçado. É que normalmente é uma parte muito calma e precisa de muita sorte para ficar completamente encurralado com um carro nesse trecho. Parece que o cérebro finalmente tem um ar pra respirar.

Em mais uma subida, finalmente a ultima para chegar na faculdade, me deparo com um senhor subindo lentamente a estrada íngreme que se estendia por mais uns 30 metros. Admirei por um momento o senhor, fiquei pensando em quantas vezes ele já não se desafiara naquela subida. Mas eu estava atrasado e apesar de não haver muito critério de para quem chega na hora ou 10 minutos antes, eu sempre quero chegar no horário mesmo com um tempo curto de tempo para isso. Prostei-me de pé na bike para mais impulso para eu subir, era tão íngreme que minha coxa começou a doer e fiquei mais devagar, mas acabei passando o senhor.

Pelo canto dos olhos, percebi que ele ficou me olhando por um bom tempo, aquele senhor, na verdade durou até onde me alcançava a vista. Estava eu subindo, quando começo a ouvir um barulho que - talvez seja um exagero meu – se sobressaiu a música, olhei pro lado, o mesmo senhor, subindo rapidamente e com um enorme sorriso na cara. Obviamente, eu deixei que ele me ultrapassasse, diminui a velocidade e ele foi na frente até onde nosso caminho seria comum. Fiquei rindo por dentro dessa situação, percebi que não ia valer a pena e com um simples ato o fiz ficar feliz.

Hoganes Molva
Enviado por Hoganes Molva em 23/08/2023
Código do texto: T7868023
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