BYE BYE AGOSTO

BYE BYE AGOSTO

Além da minha janela,rola uma quietude nesta tarde de quinta feira.

No varal, as roupas - molhadas ainda - abanam-se ao vento do quase derradeiro dia de agosto que despede-se sob um céu azulado.

[ A imagem do varal, sugere-me uma revoada de pombos ]

Permito-me evocar os pombais da casa de tia Flora.

Imaculadamente brancos, desciam com ares de quem nada quer e devoravam as sementes em dormência no quintal.

Os pés de titia pedalavam a "Vigoreli" e seu coração dividia-se entre ira e ternura pelas "bem acabadas" aves a demolir os canteiros.

Pipocavam as primeiras floradas pelos laranjais e aquele cheiro nostálgico rabiscava o poema das manhãs neblinadas, nos vultos que cerziam as estradinhas de meu bairro.

Agosto, o irmão mais novo da família Inverno , vinha sempre com pedido de desculpas pela perversidade de junho e julho - os irmãos mais velhos - que impiedosos em sua passagem deixavam a natureza estorricada.

Agosto ,em tempos idos, costumava ser ponderado, diplomático e com sabedoria abria caminhos para ternuras de setembro.

Atualmente tem sido meio perverso.

Enfim...Um aceno ao mês do cachorro louco, dos ventos que, apesar de sinistros , conseguem a façanha de arrastar o odor delicado das violetas, o cheiro acre das derradeiras laranjas pendentes atrás de muros ou cercas de ripas.

Um toque da natureza instigando traços de esperança em almas e corações tão carentes nestes tempos de aridez em que vivemos.

Que venha a nós o menino setembro!

Nós o cuidaremos com muito carinho.

IRATIENSE THUTO TEIXEIRA
Enviado por IRATIENSE THUTO TEIXEIRA em 31/08/2023
Código do texto: T7875028
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