A rua com sobrenome de inseto

Estava eu novamente na velha rua com sobrenome de inseto. Porém dessa vez era diferente: minha avó não morava mais lá. Ela falecera no começo do ano e quem passou a morar lá era meu tio com sua família.

Ao entrar na casa quase não a reconheci: estava tudo diferente, as portas, os cômodos, os móveis; era quase irreconhecível, demorei para assimilar que aquela casa fora uma vez da minha avó.

Enquanto minhas irmãs ficavam melancólicas com as memórias de nossa avó eu ficava perplexo: é engraçado como respeitam os mortos mas não o que fora deles em vida; mas há motivo, uma vez que se não mudasse aquilo seria inutilizado e seria esquecido da mesma forma.

Além disso, no mesmo dia, também visitei minhas tias, que moravam em frente a casa que fora da minha avó. Elas moravam cada uma em uma casa no fundo do antigo bar dos meus padrinhos. Era surreal conceber a ideia de alguém morando naquele lugar assustador que servira de depósito para as tralhas que atrapalhavam na minha casa.

No final das contas, é engraçado como as coisas mudaram desde da última vez que fui lá, a dois anos. As memórias da infância dão espaço para a mudança e nos lugares mais “inóspitos” vivem pessoas felizes.

Otacílio de Almeida
Enviado por Otacílio de Almeida em 12/09/2023
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