Passeio Noturno

Sim, realmente estava de noite. Andei até uma parte com meu amigo, que apesar de eu não entender conversávamos sobre música e escrita.

Após andar alguns quilômetros com ele eu me despedi. Poderia ter voltado pelo mesmo caminho, mas a curiosidade remoía na minha mente: “o que será que tem naquele bairro que sempre passei em frente durante a infância e nunca entrei?”.

Você pode pensar: “havia casas!”, mas eu tinha uma mistura de falsas memórias e expectativas, então virei naquela rua e segui.

Passei pela floricultura que pensara em trabalhar e entrei no bairro.

Andei pelas ruas, mas as memórias não batiam, e para não dizer que haviam apenas casas havia também comércios e clínicas das mais variadas especialidades.

Andei, em zigue-zague pelas ruas e saí pela rua que tanto me intrigava.

Mais uma vez poderia ter voltado pelo caminho que fui, mas resolvi seguir outro caminho… um caminho que imaginei ser mais curto.

Andei por lugares que parecia já ter passado antes, até chegar ao lugar que com certeza já tinha passado antes. Porém estava diferente: havia uma ciclovia, uma rua nova e prédios que quando passei pela última vez estavam em construção.

Segui pela ciclovia olhando para o caminho que passei mil vezes durante a infância e adolescência.

Por fim, cheguei em casa, comi panqueca e fui me deitar, decepcionado com a expectativa que criei e espantado com as coisas que mudaram.

Otacílio de Almeida
Enviado por Otacílio de Almeida em 12/09/2023
Código do texto: T7884042
Classificação de conteúdo: seguro