Redes Sociais

As redes sociais têm muito de antissociais. Nos desacostumados de encontrar. De esperar para encontrar. Esperar é tão bom. Não temos mais paciência. Qualquer coisa, uma ideia, um pensamento, mandamos um audio ou uma mensagem no WhatsApp, um direct no Instagram. De primeiro é que era bom. "Ah, tenho que contar isso pra fulana", e a depender do assunto, não importava a quentura do sol, o feijão no fogo, a preguiça. Calçâvamos as chinelas e íamos até a casa da fulana para conversar. Coisas de amor, então, era tudo de uma dor que machucava e fazia bem, desde o momento de comprar a ficha do orelhão, discar, esperar as três chamadas... o coração parecia um tambor no meio da selva, era uma angústia feita de coragem, o medo do desconhecido rendia-se à emergência inadiável de ouvir a voz do amado. Encontrá-lo por acaso, na rua, então... ganhávamos o dia. A semana, até. Hoje não permitimos ao outro sentir nossa falta. Saudade, só quando a paixão é ardente e a amizade, verdadeira. O mais é msg, dm, hj, agr... Imagine falar assim. O ato de falar exige a completude. Ou fala ou cala.

Tem o lado bom, a rede social. A Teresa me mandar um áudio lá de Lisboa, ouvir sua voz querida se dirigindo a mim é uma das melhores coisas da vida. O Dartagnan comentar aqui sobre algo que escrevi, nós não nos conhecemos pessoalmente mas é como se fôssemos amigos desde sempre. Mandar aquelas cem mensagens para o Fred quando estou com ansiedade. É, leitores. Como tudo na vida, as redes sociais têm o lado bom e o lado ruim. Boa noite.

Srta Vera
Enviado por Srta Vera em 13/09/2023
Reeditado em 14/09/2023
Código do texto: T7885029
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