E SERÁ SEMPRE ASSIM...

E será sempre assim...

Mercado. Frutas, carnes, cereais, peixes, cestos de vime, esteiras, jarros de barro, oficinas de consertos de rádios, tvs, um mundo de bugigangas... As pessoas passam apressadas, preocupadas, buscando as melhores ofertas. Enfrentam suas compras com ansiedade, quase que maquinalmente, pela força do hábito, pensando em fazer o melhor para sua família. Os vendedores são apenas peças que fazem parte desse esquema repetitivo. São simples pessoas que ali estão, apenas para nos servir. Nada neles nos faz parar e pensar no seu dia-a-dia difícil de lutas e preocupações imersas em suas atitudes emocionais.

Durante anos a fio labutando sem trégua e, invariavelmente, recebendo mais reclamações do que bons tratos daqueles que sempre procurou cativar. A maioria, clientes abusados.... Mas, os problemas de ambos são iguais. O ser humano, paradoxalmente, encena os mesmos papéis em palcos diversos...

Quem compra o peixe, rico ou pobre, não é nem mais nem menos feliz do que aquele que vende para a sua sobrevivência. Apenas protagonizam papéis diferentes.

Antonio se foi, depois de tudo, assassinado na porta do "seu" mercado. Sua alegria e vontade de bem servir aos seus fregueses, ficou impregnado no local do seu trabalho, mas, poucos sentiram sua ausência. Afinal o jantar de Natal era a preocupação dominante em todos... Os detalhes da mesa farta, os convidados....

Contudo, dia 26 não haverá mais essa preocupação. Tudo passa. Outros Natais virão, mas e o Antonio? Terá valido à pena tanta dedicação? Como estará ele neste Natal...?

Quero crer que estará bem melhor do que todos nós!

Stella Doris
Enviado por Stella Doris em 23/12/2007
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