RIO MANSO

Sabe aquela despedida? Não era um adeus, era apenas um até breve, um até mais. Não haviam motivos pras lágrimas, mas elas rolaram. Insistiram em dar o ar da graça.

Não eram lágrimas de tristeza, pois há muito que tua companhia não me permite momentos tristes. Nem eram lágrimas de decepção, teu amor nunca me decepciona. Nem eram lágrimas de medo, pois teus longos braços não me deixam sentí-lo.

Eram lágrimas de saudades antecipadas, lágrimas de uma breve solidão, lágrimas da ausência tua que não me cabe mais.

Eu sabia que havia a certeza do reencontro, com beijo sabor saudades, daqueles que sempre começam na hora certa e sempre terminam antes deixando gosto de quero mais. Com direito à olhares lânguidos, carícias exageradas, mordiscadas de vingança pela demora, euforia e alegria extremas afirmando um sentimento além fronteiras. Tempo e espaço incapazes e insuficientes contra tanto desejo.

Mas chorei. Não foi um choro melancólico e bucólico, do tipo dramático. Nem foi um choro desesperado e alucinado, do tipo incontrolável.

Foi um choro de rio manso, de rio que não corre, mas desfila exuberante rumo à grande e vertiginosa queda de águas claras e volumosas, e deságua forte e torrencial lavando e arrastando tudo quanto encontra pelo caminho.

Um choro que lava a alma, que fortalece, que só faz mais certa ainda a alegria do reencontro.

Chorei e adormeci feliz.

Feliz, porque sabia que passados alguns dias, minhas lágrimas seriam enxugadas por teus lábios sedentos de mim.

Adormeci, como sempre, nos teus longos braços e debaixo do teu olhar atento e apaixonado que jamais me abandona.

Monica San
Enviado por Monica San em 23/12/2007
Código do texto: T789972
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