Vamos às compras!

Antes de mais nada, esse texto é voltado para os homens.

Mulheres podem querer a minha caveira após a leitura.

Aviso dado... Sigamos.

É Natal! Quer motivo maior para sair de casa e gastar o seu dinheiro quase inteiro apenas em presentes? Não. Não existe nada mais prazeroso que gastar o dinheiro dessa forma. Ainda mais se o presente em questão for para uma pessoa que você tem muito apreço. Esse é o caso de minha namorada. Mas, nessa época, não é nada fácil encontrar algo que agrade logo de cara e, pior, ainda temos que enfrentar uma certa guerra para conseguir aquilo que queremos.Vocês podem até me perguntar: “Guerra?” . Pois é meu diletíssimo leitor desocupado. Guerra sim! E contra um exército muito mais preparado que nós: AS MULHERES!

É certo que Deus fez algumas escolhas em seus rebentos na hora da criação. Definiu que, para todos os seus filhos, seriam dadas porções iguais de cada uma de suas “invenções”. E foi assim colocando sua pitada em cada uma das máquinas fabricantes de seres humanos. Uma máquina para cada espécime diferente: Homem e mulher. No entanto, deve ter errado a mão quando resolveu colocar paciência e desespero na geringonça capaz de prover o ser do sexo feminino. Acho que não está muito claro tudo o que estou falando. Cabe então, agora, a minha bendita explicação acerca de assunto, para mim, tão nebuloso.

Eu, como todo bom brasileiro que se preste e faz jus a sua reputação, resolvi deixar para comprar os presentes em cima da hora. Pensei, estupidamente, que a grande maioria dos consumidores pudessem ter resolvido antecipar seus gastos natalinos para antes da data glutosa. Sonho iludido e triste. Mas, o que poderia fazer? Precisava comprar uma lembrança que agradasse em cheio o coração de minha amada senhora. Passei primeiro por um shopping (Nunca entendi esse nome. Se era para americanizar a expressão, porque não adotou a correta, Mall?) de maior porte aqui em Pernambuco. Mas, como vi uma fila imensa de carros tentando adentrar no estacionamento, resolvi partir para um outro, de menor porte, mas de preços mais INacessíveis. Esse estabelecimento é conhecido por não ter muita gente lá. Apenas os próprios moradores das redondezas o freqüentam. Ok, então! Vou é livrar-me de um estresse desnecessário para conseguir comprar aquilo que tanto queria.

Quando chego ao local citado, me encontro com outra fila de carros. Mas, não me surpreendi. O lugar é pequeno e o estacionamento idem. Devia ser por isso que não estava fluindo muito. Sem estresses. Até porque, mal cheguei e já encontrei um carro saindo e “vagando” para mim. Quer algo mais feliz que não gastar seus 20 minutos de tolerância no estacionamento procurando uma vaga? Não há! Ou seja, estava começando a pensar que tinha sido bastante pertinente a escolha. Além do que, o presente que ela queria estava em uma loja lá mesmo. Sendo assim, mãos à obra e no bolso.

No entanto, quando finalmente pisei na parte interior do shopping, parei por um instante e, sem pensar nem duas vezes, liguei para ela:

- Amor?

- Oi, Thiago! Tava com saudades.

-Também estava, meu bem. Agora, só uma coisa: NUNCA MAIS DUVIDE DO QUANTO TE AMO, tá?

Naquele momento da ligação, estava em um estado de choque experimentado apenas por aqueles que foram reféns da época da ditadura. Nunca tinha presenciado tanta gente em tão pouco espaço! Como é que aquilo era possível? Nóssinhora! 10 segundos após constatar aquele fato, percebi uma outra coisa: 90% eram mulheres. E como elas, ao contrário desse pobre coitado, estavam felizes com aquela muvuca (confusão) toda! Não sei como, mas elas conseguem essa proeza.

Tentei entrar na primeira loja, pois era a loja onde uma amiga minha trabalha, mas desisti logo na primeira tentativa. Isso mesmo! TENTATIVA! Porque, apenas sendo magérrimo poderia ter algum triunfo naquela empreitada. Era mulher em cima de mulher, falando alto, mexendo em tudo, atendente conversando com 4 ao mesmo tempo, uma fila grande no caixa, conversas impossíveis de serem distintas por seres do sexo masculino e, por incrível que pareça, ainda ostentavam um sorriso de satisfação na face! Como é que aquilo era possível? Eu sequer consegui entrar na loja e já estava com um mal-humor nunca dantes visto. Foi então que percebi algo. Elas não estavam no seu estado normal. Não! Elas estavam estranhas, parecendo estar em transe, em um nirvana. Foi nessa hora que lembrei do que as mulheres mais gostam: COMPRAS!

Comprar, comprar, comprar, comprar e comprar. Está triste? Vamos às compras! Está feliz? Vamos às compras! Está sem ter o que fazer? Adivinha? Vamos comprar!

O mais engraçado é que percebi que, aquelas mulheres não estavam completamente sós nas lojas. Quer dizer, nas lojas sim. Mas não no shopping. De quando em quando eu via uma senhora ir chamar o seu marido do lado de fora do estabelecimento para que pagasse o prejuízo. E, enquanto estavam do lado de fora, todos os maridos e namorados e noivos e afins, confraternizavam com um cafézinho e uma boa conversa. Conversa onde o assunto era quase sempre o mesmo:

- Minha mulher ainda não decidiu o que quer. Estou rodando como barata tonta desde as 10 da manhã. E já são 17:00!

- E a minha? Ela já decidiu o que quer. Um vestido. Mas, ainda não sabe qual é a melhor cor!

E por falar em cor, algum homem sabe qual a distinção entre branco e gelo? Verde-folha e verde-bandeira? O que é uma cor "chumbo"? Eu mesmo não faço a menor idéia. Para mim só existem aquelas cores primárias e é nelas que baseio a minha vida.

Bom, mas outra coisa que não entendo muito bem é a história do mercado financeiro mundial. Quem foi que começou toda essa movimentação e tal. Meu irmão deve saber, afinal de contas é economista. Eu, sou apenas um publicitário. Mas, tenho uma teoria muito bem elaborada de que, foi uma mulher quem inventou o bendito do cartão de crédito. Porque, não há nada mais gratificante para uma garota que ter um bom cartão sem limites dentro da bolsa. E como aquelas mulheres no shopping usavam aquele pedaço de plástico capital.

E todos os vendedores do mundo devem saber desse fato. Pois, enquanto estive lá, fui tratado como segunda opção de cliente em todas as lojas. E olhe que eu estava com os bolsos abertos para comprar. Sei que, apenas quase 2 horas depois, consegui comprar um presente e saí daquele inferno em forma de shopping. Sem ter nem espaço de paciência para comprar nada para minha mãe e meu irmão, que ganharão “vale-presente” nesse Natal.

Bom, quando cheguei no estacionamento, minha cara de felicidade era bem visível. "Consegui! Ufa!". Entrei no carro com o coração pulando de alegria por saber que tudo aquilo tinha chegado ao fim. Isso mesmo. Acabou! No entanto, após conseguir sair com o carro, fiquei pensando: E se ela não gostar? Se quiser trocar? Se preferir uma cor gelo ao invés de branco? Se não for o tamanho dela? Terei que travar uma outra batalha contra esse exército? E pior, já sabendo que não tenho forças e sequer calibre para enfrentar de igual para igual?

Nâo pude conter o grito:

- Meu Deus! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!!

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No demais, caros amigos, espero que essa minha cruzada tenha um final feliz e que ela receba o presente com o maior sorriso do mundo. Essa será a minha maior recompensa!

Abs. e boas festas para todos.