A ONU e os aliens

Vocês imaginem que os alienígenas invadem a Terra, não nos Estados Unidos, que eles parecem preferir, mas em um país qualquer do Terceiro Mundo. Começam então a fazer abduções e experimentos variados com a população local, violando direitos humanos básicos.

O Conselho de Segurança da ONU faz uma reunião de emergência. As reuniões de emergência do Conselho de Segurança da ONU tem a notável característica de não serem realizadas com emergência. Se der, eles discutem hoje. Se não der, depois eles veem o que fazer (a emergência só vale para casos ocorridos nos EUA).

Um país qualquer, digamos, o Gabão, apresenta uma proposta para resolver o problema dos alienígenas. Os membros do Conselho de Segurança então pensam: "Gabão, Gabão... O que sabemos sobre o Gabão? O governo lá é de esquerda ou de direita? Somos aliados ou inimigos deles?". A resposta a essas perguntas é que vai definir se esses países são favoráveis ou contrários à proposta de Gabão.

Nem Jesus agradou a todos, muito menos o Gabão. Então vai ter fatalmente um país que não gosta do Gabão, do governo do Gabão, do sistema político do Gabão. E provavelmente vai ser um país com direito a veto. A Rússia, digamos, teve um entreveiro com o Gabão em 1922. É o suficiente: a proposta do Gabão está vetada.

O Gabão sai de cena e surge uma nova proposta, agora do Equador. Os Estados Unidos, digamos, são especialmente simpáticos à proposta do Equador, porque desde 1964 o Equador fornece alguma coisa que os Estados Unidos precisam. Mas aí é a China, envolvida em alguma guerra latina do ópio, que não aceita nem cogitar a possibilidade de uma proposta do Equador.

Surge então a Suíça, o país neutro por excelência. Costura daqui, costura dali, a Suíça tenta fazer uma proposta que atenda aos americanos, ingleses, russos, franceses, chineses e aos próprios alienígenas. Mas então estoura uma nova divergência: pode-se falar de fato em "alienígenas" ou seriam só "extraterrestres"?

Nisso se passa uma semana. A população é dizimada pelos aliens.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 18/10/2023
Reeditado em 18/10/2023
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