Muitas opções X Escolhas Satisfatórias

Um psicólogo e professor norte-americano, de renome, Barry Schwatz, que estuda a ligação entre economia e psicologia, oferecendo insights surpreendentes sobre a vida moderna, escreveu o livro “The Paradox of Choice” (O paradoxo da escolha). Onde questiona se, de fato, tantas opções de escolhas para os seres vivos, os tem deixado mais satisfeitos ou menos.

Neste livro ele trata de dois termos que os atribui a dois tipos de investidores econômicos que são os “Maximizers” e os “Satisficers” que numa tradução livre, mas objetiva quer dizer dos “Maximizadores” e dos “Alcançadores de satisfação”. Com uma interpretação muito superficial, porém bastante aplicável aos nossos dias, podemos entender o que aqui é proposto, nos níveis de como andam nossas satisfações com as inúmeras ofertas de produtos com infindáveis opções de escolhas que encontramos hoje para o nosso bem-estar em geral.

Os Maximizers ponderam sobre quantas opções puderem comparar até que escolha a que julgar melhor. Porem sem garantia de satisfação, pois ao deixar de considerar “TODAS” as opções considerando apenas as que eles derem conta, poderiam julgar que fez uma boa escolha, mas não a escolha perfeita. Já os Satisficers definem premissas básicas que usarão para aplicar às suas escolhas e as farão com o mínimo de expectativas possíveis embora com um certo nível de contentamento.

Schwatz cita o termo “Dogma Oficial” que diz ter sido estabelecido pelo capitalismo moderno que sugeriu a seguinte máxima:

“Se quisermos maximizar o bem-estar das pessoas, o caminho é maximizar as liberdades individuais. E o modo como isso será feito é maximizando as opções de escolhas. Quanto mais escolha as pessoas tiverem, mais liberdade terão e assim, consequentemente, mais-bem-estar também terão.”

Seria isso, de fato, uma verdade absoluta?

É possível ver a seguir, uma linha de pensamento que sugere a resposta...

Então vejamos:

É notória a divisão que vivemos hoje, entre pessoas que são mais conservadoras e outras mais liberais. Essa condição divide opiniões entre todos. Uma questão de contraponto em relação às opiniões de um lado e de outro é aquilo que ainda se pode observar e experimentar. Esses são os dois pilares da ciência, observação e experimento.

Portanto observemos a seguinte experiencia que a maioria de nós viveu:

Quando ainda haviam as famosas locadoras de filmes que encontrávamos em diversas esquinas de nossa cidade – quem viveu isso pode ser que se lembre com um certo saudosismo – alugávamos filmes, que com certeza iriamos assistir num final de semana, ou até mesmo no meio da semana, pois não pagaríamos pelo aluguel para não assistirmos. Uma vez ou outra, por esquecimento acontecia de não assistirmos, mas a regra era clara, alugávamos e assistíamos. As opções de filmes, eram infinitamente menores do que as que vemos nos diversos streams a que temos acessos hoje. E os streams não são gratuitos, mas sim pagos, de forma diferente dos alugueis de fitas cassetes e posteriormente DVD’s e Blu Ray's, mas pagamos para, na maioria das vezes não assistirmos nem 10% do que temos disponibilizado.

Uma observação que fica pode ser a de que nos sentíamos melhores antigamente com as opções que podíamos escolher a dedo, do que hoje com tanta opção.

O que mudou? Não há hoje, filmes bons como antigamente? A resposta pra essa segunda pergunta divide opiniões, mas é fato que grandes produções que agradam muita gente, ainda existem. E ainda assim, diante das opções de escolhas infindáveis nosso grau de satisfação não aumentou, pelo contrário, nos sentimos piores.

Então, talvez o que tenha mudado seja o fato de que maximizar opções de escolha, não seja uma garantia de satisfação. E o Dogma Oficial, possivelmente estava errado.

Barry Schwatz diz que “opções trazem de fato liberdade de escolha, porem a liberdade de escolha traz consigo paralisia”. Segundo o psicólogo, ficamos paralisados diante de tanta opção que não sabemos o que escolher.

Hoje, por exemplo, quando vamos a um médico para que ele nos diga o que devemos fazer em relação a alguma demanda de saúde nossa, ele nos oferece a opção "A" que possui os benefícios tais e os riscos tais, ou a opção "B" que possui também os riscos e benefícios tais. Diante das tantas opções de escolhas, hoje constatadas, responsabilidades são transferidas de quem sabe alguma coisa sobre o assunto (neste caso o médico) para o paciente que, neste caso está doente e que não está na melhor condição de tomar decisões.

Sobre nossa identidade que define quem somos (essa que herdamos), nesses últimos dias, muitas pessoas a estão reinventando. E se reinventam quantas vezes quiserem e isso quer dizer que ao acordarem de manhã tenham que decidir sobre que tipo de pessoas querem ser? Será que não existe aqui uma reflexão tão profunda que nos caiba a pergunta sobre se isso não esteja sendo tirado de contexto e que, de igual modo às questões de tantas opções de escolha, é por isso que estejamos tão insatisfeitos?

Por fim, Barry Schwatz cita uma espécie de parábola do peixe no aquário:

Há dois peixes em um pequeno aquário, e um deles sugere ao outro que se eles quebrassem o aquário eles teriam um universo de possibilidades. Mas não se atentavam para o “desconforto” (no caso dos peixes, morte) que essas possibilidades causariam. Para Schwatz todos precisamos de nossos “aquários” (guardadas as proporções).

“Diversas opções são melhores do que nenhuma, mas uma opção certa não é pior que diversas opções”.

“Opções demasiadas, ampliam o nível de nossas expectativas, que não serão alcançadas porque o padrão de perfeição de nossas expectativas é inalcançável nesse plano.”

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 27/10/2023
Reeditado em 06/12/2023
Código do texto: T7918305
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