Tive um Fusca 69

Tive um Fusca 69. Trabalhei viajando com ele quase um ano. Até que um delegado me deu um Chevette com um ano de uso por ele. O mais importante é a história do 69: Roubaram o carro com que eu viajava no primeiro dia de minhas férias. Voltei a trabalhar de carona com um colega. Em Santa Bárbara, fiquei sabendo do 69. O carro era de um vereador da cidade. Contei minha história. Ele me vendeu o carro com uma entrada e mais 10 prestações. No outro dia, fui a Belo Horizonte tirar o dinheiro que tinha na poupança. Quando fui pegar o 69, a documentação já estava no meu nome, antes que eu entregasse o dinheiro da entrada e os dez cheques das prestações. O carro não tinha pneu estepe, não tinha forros internos e o banco do motorista estava solto. Dirigi de Santa Bárbara a Coronel Fabriciano me segurando no volante para não cair para traz. Quando cheguei em casa, todo feliz por ter conseguido comprar um carro, peguei minha mulher e meus filhos para mostrar. Minha filha, então com três aninhos, olhou e disse:

- Essa bosta? aí?!

É que o 69 ficava debaixo de uma goiabeira que era poleiro de galinhas, consequentemente, estava coberto de caca. Durante os próximos meses fui arrumando o carro e adquirindo peças originais nos ferro-velhos de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Timóteo, Caratinga, Manhuaçú, Manhumirim, Ipanema…

Nunca recebi tanta ajuda de tanta gente ao mesmo tempo como nessa época: médicos, donos de farmácia, colegas… A cereja do bolo foi o Chevette seminovo que o delegado me ofereceu no mesmo dia em que era descontado o último cheque das prestações.

Por essa e por outras é que sempre valorizo meus relacionamentos com honestidade, boa vontade e fé total em Deus e na bondade das pessoas.