Derrepente

Casa cheia, barulho,abre e fecha porta...

_Quem pegou meu batom? Cadê a base que deixei ,aqui! Mãe fulana acabou com meu rímel!

Roupas espalhadas pelo chão, banheiro parecendo uma lagoa, espelho embassado,carros buzinando, telefone tocando.

_Ja tô saindo....-sem ao menos ter colocado a roupa ou acabado a maquiagem.Meia hora depois o telefone toca mas uma vez.-ja disse já tô saindo....-dessa vez já está calçando a sandália.

Um tchau mãe,que horas posso chegar,ah minha amiga vira dormir aqui,tá bom?

Assim a casa tem vida,mistura de perfumes, embriaguez de vozes e risos.

Brigamos pela bagunça deixada,pelas toalhas molhadas,pelas maquiagens espalhadas.

Derrepente a casa vai ficando vazia,um irá fazer faculdade em outro estado,vindo em casa somente nas férias, outro se casa e se muda, outro arruma serviço longe .Assim aquele furacão vai tomando forma de solidão.

O quarto antes tão cheio de vida agora vazio,as gavetas fora do lugar agora intacta,as roupas caídas do cesto,nem existe mas cesto,esse agora se encontra vazio.... Louças esquecidas pra lavar depois,a pia está limpa.....tudo está no lugar que deixei.

Derrepente eu vivo a solidão do ninho vazio.

Acordo de madrugada e ouço ainda...-mae, posso lavar o cabelo?mãe ,sobrou bolo posso comer?ah mãe pensei q era sorvete era feijão kkkkk,mãe posso sair?mãe, mãe mãe....infinitas vezes durante o dia.

E por que agora esse silêncio?

Essa solidão,essa falta ninguém explica,apenas acontece,e ao meu ver é tão derrepente.

elenice porto
Enviado por elenice porto em 09/11/2023
Código do texto: T7928017
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