O Caso

De longe, ouço as crianças se envolveram numa pequena desavença.

- Foi você, sua burra.

- Não foi.

- Foi sim.

- Nãooooo fui eu. Já faleiiiiiiiiii.

Disse a mais nova por último, prologando de forma estridente para os ouvidos humanos as palavras.

- Foi simmmmmm.

Soltou a mais velha, com um rosnado e dentes trincados.

Chego no local em que se sucede a discórdia.

Tento botar ordem. Com as palmas das mãos abertas, faço um gesto para baixo a fim de acalmar os ânimos.

A mais nova está deitada na cama observando a mais velha que, com um lenço umedecido na mão, tenta limpar uma foto colada em seu armário.

Me ignoram. Sinto a atmosfera pesada. Pergunto sobre o motivo da briga. A mais velha me respondeu, com os olhos rasos d'água:

- É que essa idiota desenhou um coração na foto da minha prima. Eu não gosteiiiii (de novo, um rugido).

Olhei para a mais nova e perguntei se ela tinha feito aquilo. Dissimuladamente, me respondeu que não. Negava, assim, a autoria.

Fui conferir mais de perto o crime. Era um coração tosco, desenhado aparentemente por algum destro com a mão canhota. Pela forma apresentada, pensei que alguém tivesse desenhado um eletrocardiograma em forma de coração.

Tive uma explosão de riso. A gargalhada atingiu elevado nível na Escala Ritcher. Olhando para a mais nova, que até então negava o fato, senti a confissão.

Pronto, mais um caso resolvido

Guilherme Lino
Enviado por Guilherme Lino em 16/11/2023
Código do texto: T7932948
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