"O Demônio e A Senhorita Prym"

Minha mãe, com sua sabedoria oriunda de nosso sertão nordestino, costumava dizer que "O mundo dá muitas voltas". Eu não conheço o escritor Paulo Coelho. A primeira vez que li seu nome foi na contra-capa de um disco do cantor Raul Seixas, no início dos anos 1970. Anos depois o descobri na figura de uma espécie de guru, que havia passado do psicodélico ao místico, escrevendo livros com temas sobrenaturais, esotéricos, com uma mistura de filosofia e superstições européias - com um acentuado toque celta. Não dei a menor importância ao fato, pois não acredito em misticismo nem em místicos, fadas, gnomos druídas, mágicos, magos, gurus, bruxas, e outros desse assunto. Aliás, Chico Potengy costuma dizer que só acredita na morte, na maldade da humanidade e no dinheiro. Eu não acredito em Paulo Coelho e jamais me vi diante da possibilidade de ler um livro dele. Não sei se por preconceito, descrença, inveja - o certo é que sempre houve, de minha parte, uma rejeição "felaputista" a qualquer livro dele. E meu radicalismo xiita e fundamentalista, estende-se aos seus leitores... A única boa imagem que eu tinha envolvendo aquele - para mim -, falso "mago", era do ano dois mil e alguma coisa, quando numa matéria de TV, depois de sua fala, uma estonteante e maravilhosa ruiva, ucraniana se não me falha a memória, apareceu completamente nua mergulhando num belíssimo lago de algum lugar do Leste Europeu. A mulher era tão perfeita que devassamente pensei: "Se tiver defeito, é nas tripas". Pois bem, no início deste ano maldito, diante de um quadro de dores pessoais e sérios questionamentos, um conhecido me recomendou a leitura de um livro de Paulo Coelho: "O Demônio e A Senhorita Prym". O livro, que eu viria a ler em agosto passado, trata de fé, crenças, superstições, falsas incertezas, intrigas, cobiça, mentiras, riqueza, inveja, destruição, ódio, mudanças e espiritualidade. Trata-se de um livro simples, de fácil leitura, sem efeitos especiais ou defeitos especiais, exceto por eu ter encontrado nele cinco gravíssimos erros de Português. Imediatamente comentei o fato com três amigos que reputo como intelectuais, na expressão da palavra. Um deles, o "rábula" Arnildo Albuquerque, respondeu dizendo o seguinte: "César, em uma entrevista, alguém levantou essa questão. Ele (Paulo Coelho) respondeu que escrevia sob inspiração". "Quem o inspira ao erro?", questionei intimamente. Apesar dessa falha no uso do português, a obra "O Demônio e A Senhorita Prym", é sensacional. A estória não mudou a minha vida, nem a minha forma de pensar, mas me ajudou a olhar para outras direções sobre o comportamento humano. Eu realmente precisava conhecê-lo e até o recomendo. É um livro provocador.

[Chico Potengy]

Em 5 de dezembro de 2021.

Chico Potengy
Enviado por Chico Potengy em 05/12/2023
Reeditado em 06/12/2023
Código do texto: T7947691
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