RETROVISOR

Sempre que acabam as minhas férias, alguém vai me deixar no aeroporto, costumo ir no banco do carona, mas desta vez eu mesmo dirigi o carro para o aeroporto e pela primeira vez tive a oportunidade de ver pelo retrovisor do carro, minha mãe despedindo-se de mim.

Enquanto dirigia pela rua que nasci e fui criado, vi minha mãe ficando mais longe, mas que com fé em Deus ficará mais próxima nas outras férias.

Mas o que veio na minha cabeça naquele momento, é que a nossa vida é como uma viagem de carro.

Como numa viagem nunca sabemos o que acontecerá na próxima curva, podemos até imaginar o que vem, mas nunca temos a certeza.

Como numa viagem muitas pessoas somem do nosso retrovisor e nunca mais as vimos, algumas até ficam na nossa memória, outras o tempo apagará de nossas vidas.

Algumas pessoas acompanham nossa viagem por muito tempo, elas vão lado a lado com a gente, nas retas, nas curvas incertas, duvidosas. Acompanham nossas descidas, nossas subidas. Ajudam-nos quando o carro quebra, recarregam nossa bateria, nunca deixam faltar o combustível que nos impulsiona.

Infelizmente esses companheiros de viagem um dia ficam para trás ou aceleram um pouco mais. Em outras oportunidades pegarão outros caminhos.

Algumas viagens são curtas, incompletas, são interrompidas de repente, sem aviso.

Outras são longas, em que o tanque é recarregado várias vezes e só terminam na última gota de combustível.

Nesta viagem existem momentos que reduzimos a velocidade, que desaceleramos querendo que aquele trecho demore a passar, pois está cheio de coisas boas, de coisas bonitas, de pessoas e momentos especiais.

Outras vezes aceleramos o carro fugindo de alguém, de algo que nunca queríamos ter conhecido ou vivido.

Cada ano que passamos são quilômetros a mais nesta viagem, nunca sabemos quanto quilômetros a mais iremos percorrer. Podemos percorrer mais esse trecho sem abastecimento, sem percalços em retas tranqüilas por qual passaremos sem problemas ou o trecho pode ser cheios de buracos, de curvas perigosas, imprevistos, que nos levará por uma viagem atribulada, cansativa, algumas vezes triste.

Não sabemos como vai ser nosso próximo trecho, se uma viagem tranqüila ou atribulada, mas seja ela como for, que possamos ter como companhia nossas família, nossos amigos. Que possamos estar preparados para enfrentar buracos, ondulações, que não tenhamos medo do desconhecido de cada curva, que nossa bateria possa estar sempre carregada, que nosso tanque esteja sempre cheio de alegria.

E que possamos ver as pessoas que amamos sempre pelo pára-brisa ou pela a janela e nunca pelo retrovisor.

FELIZ 2008.