OS MENINOS DE VÓ

Ah! Que saudade do tempo de infâcia! Do tempo em que merthiolate ardia. Do tempo de jogar bola no campinho de terra batida, de lama, de poças d'água quando chovia, de tomar banho de chuva, de subir nas mangueiras para pegar e chupar mangas no pé.

Saudade do tempo de quando saíamos da escola e até chegarmos em casa apertávamos as campanhias das casas e saíamos correndo. Pura adrenalina.

Saudade do tempo de andar pendurados nos ônibus, das matinées dos cinemas aos domingos. Saudade de almoçar e jantar juntos todos da família, de pedir bênção aos mais velhos, não só pai e mãe, mas todos de mais idade da casa.

Saudade do tempo de levantar no ônibus e oferecer o lugar aos mais velhos, a mulheres gestantes ou com crianças no colo.

Saudade do tempo em que a infância e a adolescência nos forjaram como cidadãos que somos hoje. Uma geração que está partindo.

Sobre hoje não vou tecer comentário prolongado, mesmo porque não encontraria conteúdo plausível.

O que dizer de um ser humano musculoso, barbudo forjado em academia, com sobrancelhas raspadas e trejeitos femininos, esforçando-se por falar fino, alguns com visual feminino e se dizendo mulher trans e lésbica?

Na nossa época as opções eram M ou F e ponto final. Agora existem mais de trinta opções.

É, o mundo não é mais o mesmo. Depois que estádio de futebol virou arena, bicho de estimação virou pet, merthiolate parou de arder, tudo mudou. Tudo é mimimi, tudo é ofensa. Macho beijando macho em público e não se pode dizer nada porque é homofobia.

Uma geração melindrosa que não sabe sequer as capitais dos estados ou como se denomina um conjunto de ilhas.

Geração chata e alienada. Dessa geração não podemos esperar nada. Infelizmente.