Necessidades Virtuais II

Fui moldado já muito cedo, precocemente, pelo medo de fazer o que sempre mais soube, amar, e olha que não estou falando de uma cachorra, Stela Maria, Stelinha, que Deus dos cachorros a tenha. Estive apavorado com a possibilidade de brilhar. O mundo não esteve e ainda não está comprometido com a essência da comunhão de um "nós" presencial e, não apenas se contenta, mas se nutre com as superficialidades de uma aparência, vida e jornada artificiais. Esconderijos secretos, avatares que servem como máscaras, a maquiagem mais potente e eficaz chamada filtro, todos ferramentas de uma poderosa e notável vontade de abolir, extinguir a real consciência. Necessidades Virtuais, quando a curiosidade vira experimento, o experimento passa a virar vontade, a vontade, desejo, o desejo, necessidade e por fim a necessidade, vício. A "virtualândia" não é diferente da Cracolandia, é tão nociva quanto. Faces, tik toks, instas, são as "drogas" do mundo moderno, grupos de zap são a "boca", nosso cotidiano está encharcado disso, de toda essa triste banalidade. Eu perdi não só pra mim, por como fui, mas para o vício, pois, ali, naquele mundo, todos são "iguais", são o que quiserem, pessoas que carregam sempre e invariavelmente tão somente virtudes e por conseguinte atraem pessoas que pensam e consomem a mesma coisa, já que o molde é o mesmo.

Mas que exagero, Cristiano!

Mas isso é a arte dos poetas que enxergam as coisas com o brilho certo, mesmo as coisas ruins, não com o vazio dos olhos cansados, e por que não dizer, cansados de mim também.

Prof Cristiano Cruz
Enviado por Prof Cristiano Cruz em 03/02/2024
Reeditado em 03/02/2024
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