A RIXA

Às vezes tenho a sensação de que a minha vida é um conto de um livro. Às vezes me vejo refletindo enquanto vou agindo, como se na minha mente, ao dizer determinadas frases, ao ter determinadas atitudes um outro eu me narrasse cada pedaço dessa cena... Tipo “e ela disse isso a ele e ele a olhou assim...” e ao mesmo tempo em que sinto uma certa emoção, também sinto um certo desespero, é como se eu tentasse sair do controle, me deixar levar pelos meus impulsos e permitir que meu raciocínio, o meu lado com vontade de compreender as coisas fique apenas assistindo.

E então me pego analisando a mim mesma, concordando comigo mesma, criticando a mim mesma... Mas o que eu sou afinal??! Uma pessoa cruel que se diverte com o sofrimento alheio ou fica acompanhando a vida dos outros??! E nesse caso, de mim mesma?

E o pior de tudo é quando eu vejo, essa mocinha que chora, que sofre, que sonha, quando a vejo perdida, sem saber o que fazer, tomando as decisões mais precipitadas, mais movidas por emoção, e esta mocinha recorre a mim, busca a mim (em últimos casos) para pedir ajuda... Eu continuo assistindo sem interferir em absolutamente quase nada, eu que sou a razão, me ausento e a deixo pagar o pato... com certeza é porque eu não tenho coração, afinal, sou insensível, sou racional. Tanto que, o desespero e a emoção que sinto como citei logo no início, quem sente mesmo é ela... a mocinha.

Mas a verdade é que eu me importo com ela, tanto que ela me procura (nem sempre) e geralmente, nunca estamos de acordo, eu, lógico, dificilmente agiria da maneira que ela age, já conheço essa história, já me meti várias vezes e no final, quem acaba mal sou eu e ela (a emoção). Até hoje nossa relação não chegou a um equilíbrio, tem épocas em que ela me dá corda... aí eu pego confiança e acabo deixando na mão dela... e lá vai ela fazer besteira. Tudo bem que eu sempre acho que to certa, mas ela é extremamente impulsiva. Por isso to desistindo, me importando menos... mas não deixo de me preocupar.

O que eu queria mesmo é que encontrássemos um equilíbrio, eu a razão e ela a emoção convivêssemos felizes e satisfeitas, amigas, sabe, uma contando com a outra...

Mas agora eu pergunto, será que ela pára para pensar nisso?!?! Acho que não, ela nunca pára para isso... somente eu...

Na verdade, na verdade, acho mesmo é que sou um pouco egoísta, egocêntrica... comecei dizendo que eu era uma coisa e outra (razão e emoção) e agora eu sou uma coisa e “ela” é a outra. O problema é que embora eu reconheça, eu não sofro com isso...

Temos é uma eterna rixa.