Aos Domingos vou à missa às 8:30 da manhã. Logo quando chego, eu já vejo a Carol. Ela fica sempre na primeira fileira da Igreja, sempre bem vestidinha, e alegre. Ela tem um certo atraso mental; sabe aquelas pessoas inocentes? Ela se levanta para cumprimentar todos os que chegam, quase não verbaliza as palavras, mas assim mesmo ela se comunica. Quando sorri, tem somente dois dentes na frente.

Adora crianças, e fica com aquele olhar encantado nos bebês que chegam com as mães ou as menininhas pequenas com aqueles vestidinhos próprios de missa, todos cheios de laços e fitas. Quando ela se aproxima noto um certo receio das mães, que ficam assim como se guardassem as crianças. Não entendo bem por que. Carol é extremamente inofensiva. Sabe uma pessoa genuína? Ela olha para as crianças com a maior ternura.

A semana passada cheguei à Igreja e ela se aproximou de mim. Estendeu  sua mãozinha pequena e perguntou meu nome com dificuldade, balbuciando as palavras (todos os Domingos ela me pergunta). Então eu falo: 'Maria'. Aí ela repete: 'Maria'. E ela aponta um brochinho que tem seu nome, e diz: 'Carol'. Para me dizer que esse é o nome dela. Ela deve fazer parte de algum asilo de velhos, e eles a trazem para assistir a missa.

Como trabalhei como voluntária em um lugar de velhos, eu desenvolvi um olhar muito especial para essas pessoas e não tenho medo algum de me aproximar delas. Às vezes dói ao ver quando as pessoas se afastam, ou quando a Carol estende sua mãozinha e eles fingem não a ver. A semana passada ela veio me mostrar seu sapato novo. Ela não fala, mas aponta. Um sapatinho azul tipo boneca, cobria seu pé pequeno, combinando com sua saia estampada azul e um casaquinho.

Eu a observo de longe e ela fica sentadinha, quieta, durante a missa toda. Não sei se ela entende tudo que está ouvindo, mas de vez em quando ela sorri como se entendesse. 

Muitas vezes  é bom sair do lugar comum e olhar um pouco além de nos mesmos.

Aprendi muito isso com o livro 'Momentos Sagrados' do Pastor Matthew Kelly onde ele ensina a felicidade de colecionarmos pequenos gestos. O momento sagrado é quando você abre sua alma a Deus, deixa de lado a preferência pessoal e o interesse próprio. 

O principal ensinamento desse livro é que a vida é composta mais de pequenos momentos do que de grandes. E se quisermos que os grandes sejam bons, com aquela verdade interior, chegaremos lá prestando primeiro atenção em como lidamos com os pequenos.

Todos os anos ele envia livros gratuitamente para milhares de pessoas em todo o pais, porque adora compartilhar a mensagem com novas pessoas, criando uma corrente do bem.

E todos os Domingos, Carol tem sido meu pequeno - "grande" - momento.