Ficando com a família

 

Aluu! Iterluarit kumoorn meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez dão as caras na minha residência literária pra ler crônicas com cafeína. Ajudungila?

 

Nunca escrevo, tuzes são testemunhas, um texto um dia depois do outro, mas hoje faço, pra continuar a história de ontem. Bom, chegamos em casa e, estando a Jessika KB dormindo e o restante de nós todos altos, a Louise, a única sóbria, não quis levar o Toninho e a Marcella pra casa, alegando cansaço. Malandra, queria mesmo era que o filhinho ficasse aqui, pois ele e a Marcella cabem no quarto que era dele, junto com a KB. Assim, estariam aqui hoje de manhã e ficariam para o almoço. Mãe é tudo igual, não importa o hemisfério (viu, amiga Cláudia RS, aqui é o Hemisfério Norte).

 

Eu, depois de beber muito, durmo muito e, o pessoal de casa sabe, fico uma fera se me acordam. Nem ousam fazer isso, sabem que fico muito puto. Despertaram e, na malandragem, só pra me sacanear, mandaram a KB no meu quarto chamar o vovô, pois sabem que eu não nego nada pra guria e ela é a única a quem eu permito liberdades e ousadias.

 

Percebi o movimento pelo quarto e a luz do abajur invadiu meus olhos. Eu a ensinei a ligar o abajur. Já ia mandar o culpado pra puta que pariu quando, de repente, dou de cara com aqueles olhinhos verdes, parecidos com os de minha mãe, olhando vivamente pra mim no rostinho adornado por um belo sorriso:

- Vovô Tônio, acorda. Nenê. Café.

 

Jessika gosta de tomar café-preto comigo, dou de colherinha pra ela. Levantei. Essa guriazinha tá muito experta, já caminha e fala - e caga na fralda -, o Toninho demorou mais, mas largou a fralda antes. Vai ver KB puxou a mãe, a canalha da Marcella, minha nora. Adoro a Marcella, pois canalhas adoram outros canalhas. A malandra já tava com o meu café passado, aposto que foi ela que mandou a KB no quarto, aproveitando a oportunidade de me bajular enquanto a Louise babava em volta do filhinho dela.

 

- Bom dia, seu Bacamarte - disse a fingida. Aqui está o seu café e o da Jessika tomar com o vovô dela.

Eu, claro, finjo que não percebo nada e até empresto uma grana que ela me pede de vez em quando, sem o Toninho saber, para ela pensar que eu sou bobo e que me tem nas mãos, fazendo-me de veterano otário. Ela paga, claro, deve extorquir sexualmente o Toninho, sei lá, não me interessa o que ela faz, até porque, juro, o café dela é melhor que o da Louise. Óbvio que não falo e nunca falarei pra nenhuma delas isso, uma ficaria se achando e outra me mataria, essa crônica é só entre nozes, meus caros.

 

Fico só observando... Bem gata a minha nora, o Toninho passa bem. E ela também, pois meu garoto é um cara de muita presença. A minha esposa também, só que, ao contrário da Marcella, não é canalha e é brava, típica gringa do Sul do Brasil. Não usa de subterfúgio algum para se apossar do meu cartão, vem e pega e pronto. Também, culpa minha minha, vi como ela era e mesmo assim prometi mundos e fundos pra gringa gostosa vir lá de Faxinal do Soturno comigo aqui pro frio de Charky City. Ela veio. Ah, não me arrependo. Trazia de novo, se fosse hoje. Ah, minha gringa!

 

Estou na mesma, bebendo e dando café de colherinha pra KB com a Marcella me puxando o saco pra, na certa, dar uma facada depois, quando se juntam a nós Toninho Júnior e Louise.

- Quer que a mãe passe um café pra ti, meu amor?

- Quero.

Não disse, o Toninho é mega filhinho da mamãe. Louise me viu e:

 

- Ué, já acordou, Antônio?

- Sim - respondeu por mim a Marcella. A bebê foi lá chamar ele.

Não lhes disse? Sabia que ela tinha mandado a Jessika no quarto. Canalha!

 

Voltou-se novamente pro Toninho:

- Vão almoçar com a gente, né?

- Não, sogra - respondeu por ele a Marcella. Combinamos de ir ao shopping.

Viram, tudo se encaixa. A Marcella estava a espreita do meu cartão pra gastar no shopping. Mas não esqueçam que a Louise é brava:

- Ué, mas por acaso não podem ir depois do almoço? Que diferença faz?

- Sim, amor, acho que podemos almoçar com meus pais e ir depois - disse Toninho, pra não contrariar a mãe e não gastar com almoço, claro.

- Ah tá, pode ser, então - rendeu-se a Marcella, que já está ficando uma canalha das boas, das que sabem quando é melhor efetuar um recuo estratégico.

Ela já deve ter percebido que brigar com a Louise é ruim, pois ela é brava e, se ficar no pé dela, vai estragar o seu lado comigo, pois eu também não contrariaria a Louise.

 

Assim foi.

 

Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!

 

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

 

MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores: 
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862

GLOSSÁRIO KALAALLISUT:

Ajuungila - Como estão?

Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - Bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.

Nozes - Todos, o plural de nós. Algo assim...
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.

Tuzes - Plural de tu.

 

Antonio Fernando Rollim de Braga Bacamarte

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 16/03/2024
Reeditado em 16/03/2024
Código do texto: T8021143
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