SÍMBOLOS DA PÁSCOA

Nós brasileiros somos um povo jovem.

Nesses quinhentos e poucos anos de intercâmbio entre populações, a nossa etnia está em formação e ainda levará um bocado de tempo para se firmar, se é que chegaremos a tal, considerando que a consolidação de qualquer etnia demanda isolamento social por bastante tempo, coisa impensável atualmente devido aos avanços da tecnologia, dos meios de transporte e do efeito estrangeiro nas interações genéticas.

Neste “caldeirão semântico” em que vivemos os símbolos são ingredientes de primeira ordem e estão nos nossos menores gestos, falas e atitudes sem que tenhamos conhecimento disso pois, todo conquistador impõe a língua, as leis, a religião e principalmente, usos e costumes que, sendo praticados por todos, são incorporados e permanecem na nossa maneira de ser.

No século XVI, quando os europeus chegaram por aqui, trouxeram bagagem cultural e simbólica acumuladas desde antes da idade do bronze.

As práticas, a tecnologia, os artefatos e tudo mais que em sã consciência, nem naquela época nem hoje, seriam deixadas de lado para voltar a viver na idade da pedra como os nativos de então e como, os hipócritas de plantão, querem que os remanescentes daqueles povos permaneçam nos dias atuais.

Salvo às improváveis exceções, qual de nós nos dias de hoje e em sã consciência, se daria ao trabalho de procurar um paiol e manualmente, pegar espigas de milho, tirar a palha, debulhar, pilar, peneirar para separar a quirera do fubá para fazer cuscuz, polenta, etc. ou ir ao campo para colher o trigo, debulhar e moer para obter a farinha e então fazer bolo ou pão em vez de ir ao supermercado e comprar flocão de milho ou farinha de trigo já prontos para o uso?

Ou diariamente tomar banho com sabão feito a partir de sebo e cinza num desses rios poluídos ou puxar água do poço, colocar em tina de madeira e misturar com água aquecida no fogão à lenha (cortada com machado) em vez de usar o chuveiro elétrico e sabonete perfumado?

Os povos antigos, chamados genericamente de pagãos, nas comemorações pela chegada da primavera no Hemisfério Norte, utilizavam o ovo e o coelho como símbolos de vida e ressureição respectivamente.

Esses povos foram dominados pelo império romano que assimilou suas culturas e quando mais tarde se transformou na igreja Católica, adaptou esses símbolos às suas práticas, porque o ser humano precisa, na maioria das vezes, materializar as ideias para serem melhores entendidas e aceitas.

Na atualidade, principalmente naquelas aldeias mais isoladas, galhos de plantas sem as folhas são enfeitados com ovos decorados, simbolizando a vida, e os coelhos, sugerem renascimento, por serem os primeiros animais a emergirem das tocas quando o gelo do inverno começa a derreter.

A páscoa é a maior festa da cristandade porque representa a ressureição de Jesus e a vida nova livre de todo pecado.

Então esses símbolos foram transladados para a páscoa que acontece poucos dias após o início da primavera.

Os conquistadores eram católicos e foi através dos missionários, chegados desde o início da colonização, que os símbolos pascais chegaram até nós.

Infelizmente a esquerdopatia freiriana instalada nas nossas escolas não permite que essas simbologias "de branco" (nem as de raízes africanas ou dos nativos), sejam explicadas aos estudantes pequeninos que, guiados pelos apelos do mercado, imaginam que os coelhos, que eles só conhecem os feitos de pelúcia, nascem nas prateleiras dos supermercados em meio aos ovos de chocolate.